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Operação Lava-Jato

Ex-diretor da Petrobras recebeu suborno de R$ 100 mil mensais durante três anos

Paulo Roberto Costa admitiu as propinas em interrogatório liberado pela Justiça Federal nesta terça-feira

25/11/2014 - 16h40min

Atualizada em: 25/11/2014 - 16h40min


Humberto Trezzi / Brasília
Humberto Trezzi / Brasília
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Geraldo Magela,Agência Senado / Divulgação
Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, admitiu ter recebido R$ 100 mil por mês como suborno durante três anos

O que você faria com R$ 100 mil mensais? Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, recebeu essa quantia como suborno durante três anos, conforme admitiu em interrogatório feito na 13ª Vara Federal de Curitiba. O depoimento foi prestado em 8 de outubro, mas foi disponibilizado no site judicial apenas na tarde desta terça-feira.

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Confira alguns dos principais trechos do interrogatório, no qual Costa foi ouvido pelo Ministério Público Federal e por advogados de outros réus da Operação Lava-Jato:

Propina milionária

 
Documento foi divulgado nesta terça-feira pela Justiça Federal
Foto: Justiça Federal/Reprodução

MPF
- Nós temos aqui uma planilha apreendida no escritório, relacionada a contratos da Costa Global...menciona contrato que teria sido firmado entre a Costa Global e a construtora Camargo Corrêa, no valor de R$ 100 mil mensais, por 30 meses. Esse contrato visou o recebimento de propinas pelo senhor, após a saída da Diretoria de Abastecimento da Petrobras?

Costa - Sim. Com exceção de uma consultoria que eu efetivamente prestei à Camargo Correa, que eu avaliei em alguma coisa como R$ 100 mil, o restante a resposta é sim...De R$ 3 milhões, aproximadamente, R$ 100 mil foi de trabalho realizado.

MPF - Esse pagamento de R$ 3 milhões foi efetuado, parcial ou integralmente?

Costa - Foi efetuado, integral, quitado até o final de 2013. Antes de completar os 30 meses.

Hotéis do doleiro

MPF - O senhor tinha conhecimento de que o doleiro Alberto Youssef usava empresas para emitir nota fiscal para circular o dinheiro da propina...

Costa - Eu conhecia a GFD (empresa de consultoria de Youssef). E sabia que ele tinha uma rede de hotéis - em Londrina (PR), em Aparecida (SP), na Bahia. E que tinha participação em agência de turismo.

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"Caixinha" de ajuda aos políticos

Defesa de Waldomiro de Oliveira (empregado de Youssef) - Essa movimentação toda era para concretizar os 3%, sendo 1% para o PP e 2% para o PT?

Costa - Sim. Só que não tenho esse detalhamento de como se processava os 2% do PT.

Empreiteiras coagidas

Defesa de Waldomiro - As empresas sabiam que esses dinheiros, que estavam sendo pagos, iam para um agente público? Eles tinham convicção de que iria financiar campanhas políticas?

Costa - Sim. Certamente. Esse esquema financiou diversas campanhas em 2010.

Defesa de Alberto Youssef - Quais as consequências se as empreiteiras não pagassem?

Costa - Bom, elas tinham interesse em outros ministérios capitaneados por esses partidos...São as mesmas que participam de várias outras obras, como portos, aeroportos, hidrelétricas, Minha Casa, Minha Vida...Tem governo, tem políticos. Se você cria problema de um lado, pode-se criar problema de outro. Então elas não deixavam de pagar.

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