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Operação Lava-Jato

Iesa demitirá 1 mil no RS após rescisão de contrato da Petrobras

Indústria construiu uma fábrica em Charqueadas para produzir módulos de plataformas de petróleo

18/11/2014 - 17h13min

Atualizada em: 18/11/2014 - 17h13min


Caio Cigana
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Diego Vara / Agencia RBS

O temor de que os reflexos da Operação Lava-Jato afetem a indústria naval e os empregos do setor começa a se confirmar. Em crise financeira e com executivos presos na última sexta-feira, a Iesa Óleo e Gás, que construiu uma unidade para montar módulos de plataformas em Charqueadas, vai demitir os cerca de mil funcionários na segunda-feira.
 
Os desligamentos se devem à confirmação da Petrobras de que o contrato com a empresa foi rescindido. Segundo a estatal, será feita uma "nova licitação para a contratação dos serviços".

O receio agora é que o escândalo envolvendo a Petrobras e grandes empreiteiras se estenda para o principal polo naval do Estado. Fornecedores da Ecovix, que faz cascos de plataformas para a estatal em Rio Grande, revelaram nesta terça-feira que a empresa informou a necessidade de fazer uma forte redução de custos devido à dificuldade para receber pagamentos. Com isso, teria de dispensar, até o dia 5 de dezembro, cerca de 40% da força de trabalho composta por 9,5 mil pessoas entre trabalhadores diretos e indiretos. A Ecovix é controlada pela Engevix, também envolvida na Lava-Jato.

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Procurada, a Ecovix negou as demissões. O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e de São José do Norte, Sadi Machado, diz que a explicação da empresa é que, como deve entregar a P-66 nos próximos dias, a desmobilização seria necessária e programada. O estaleiro tem contrato de mais sete cascos para a Petrobras e três navios-sonda para a Sete Brasil, que depois alugará as embarcações para a estatal.

Na tentativa de buscar alguma solução para a unidade da Iesa, uma comitiva de Charqueadas e prefeitos de outros municípios da região se reuniu também nesta terça-feira com o vice-presidente Michel Temer, em Brasília.

- Estamos tentando uma alternativa para que os módulos sejam produzidos por outra empresa em  Charqueadas e que não vá tudo para a China - diz Davi Gilmar de Abreu Souza, prefeito de Charqueadas.

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Após o encontro, Temer se reuniu com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. O receio em Charqueadas é de que os funcionários da Iesa não recebam a verba rescisória.

- Se a Petrobras não bancar, a Iesa não terá recursos para pagar - alerta o prefeito.
 
ENTENDA O CASO
 
Charqueadas

- Em dificuldades financeiras, o grupo Inepar, controlador da Iesa, entrou em recuperação judicial em setembro. A unidade de Charqueadas, que tinha um contrato de US$ 800 milhões com a Petrobras, está paralisada.

- A empresa e a Petrobras buscaram sem sucesso um parceiro capitalizado para assumir a encomenda. A prisão de altos executivos da Iesa Óleo & Gás, na sexta-feira, foi a pá de cal no negócio.

- Com a rescisão, a Petrobras promete fazer uma nova licitação. Não ficou claro, porém, se a produção ficará no país.

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Rio Grande

-  A Ecovix tem contrato para construir 8 cascos de plataformas com a Petrobras, avaliados em US$ 3,5 bilhões, e três navios-sonda para a Sete Brasil, um contrato de US$ 2,3 bilhões.

- A Ecovix é controlada pela Engevix, que também teve dois executivos do primeiro escalão presos na sexta-feira pela Polícia Federal.

- Devido ao maior controle de gastos na Petrobras nos últimos meses, o estaleiro estaria com  dificuldades de receber pagamentos e ter aditivos aceitos.

Em cronologia, veja os principais fatos da Operação Lava-Jato:


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