Um desvio de mais de 100 mil sacas de soja da cerealista Agrodeltha está sendo investigado pela Polícia Civil de Júlio de Castilhos. Como o inquérito policial é sigiloso, são poucas as informações sobre o caso. Mas há a suspeita de que um empregado da cerealista esteja envolvido no desvio dos grãos, que teria causado um prejuízo de aproximadamente R$ 6 milhões aos produtores que armazenavam soja na empresa. Cerca de 130 produtores teriam sido prejudicados pela criação de uma espécie de "soja virtual" (soja que não entrava de verdade no silo, mas cuja entrada era sinalizada por notas que seriam falsas). 
_ A gente sempre pensou que, se estava em soja, estava seguro, mais seguro do que em dinheiro até. Mas agora vimos que não é mais assim. Eu, pelo menos, não vivo apenas da soja, mas há agricultores que contavam com o que tinham estocado lá para fazer a próxima safra _ lamenta o agrônomo José Albery Marçolla, 51 anos, que depositou 15 mil sacas do cereal na Agrodeltha e estima um prejuízo de R$ 900 mil. 

O juiz Marco Luciano Wächter, titular da comarca de Júlio de Castilhos, diz que não pode adiantar informações sobre a investigação, mas confirma que há uma série de pessoas da cidade cujos bens foram bloqueados por conta de suspeita de envolvimento no caso.
_ Estamos aguardando a conclusão do inquérito policial. É um caso complexo, que envolve muitas pessoas, uma alta soma em dinheiro, e que não deve ser elucidado em um prazo pequeno_ afirma o promotor Theodoro Alexandre da Silva Silveira.

Um dos donos e administrador da Agrodeltha, João Carlos Melo da Silva, afirma que
"não houve sumiço de grãos". De acordo com o advogado da Agrodeltha, Daniel Feijó, como a investigação é sigilosa, a empresa só dará informações sobre o caso quando o inquérito que está em andamento for concluído.