Ataques na tribuna
Bancada do PT ingressará com denúncia-crime contra Bolsonaro por ofensas a Maria do Rosário
Em seu discurso na Câmara, deputado progressista disse que não estupraria a ex-ministra porque ela "não merece"
- Está na hora da Corregedoria da Câmara e do Conselho de Ética desta Casa tomarem providências concretas contra os abusos que esse deputado vem provocando - afirmou Wyllys.
PCdoB vai representar contra Bolsonaro
A líder do PCdoB na Câmara, Jandira Feghali (RJ), afirmou que seu partido vai representar contra Bolsonaro.
- Ele (Bolsonaro) já se reconhece como torturador e agora se auto-reconhece como estuprador - afirmou Jandira.
Segundo ela, o PCdoB estuda se ingressará com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) ou se representará contra ele no Conselho de Ética da Câmara.
* Zero Hora, com agências
A bancada do PT na Câmara dos Deputados decidiu ingressar com uma denúncia-crime contra o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) devido às ofensas que ele dirigiu à deputada Maria do Rosário (PT-RS) em uma sessão na tarde desta terça-feira. A decisão foi tomada em uma reunião após o término da sessão.
A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da deputada petista e ex-ministra da Secretaria de Direitos Humanos. Nesta terça-feira, Maria do Rosário usou seu tempo na tribuna, que nesta sessão era livre, para criticar a ditadura militar no país. Na sequência, foi a vez de Jair Bolsonaro (PP-RJ) tomar a palavra.
"Serei opção para candidato à Presidência em 2018", diz Bolsonaro
O que a supervotação de Bolsonaro e Feliciano revela sobre o Brasil
Com tom de voz exaltado, o deputado progressista pediu que a petista ficasse no local para ouvir seu discurso, e repetiu que "não a estuprava" porque ela "não merece".
- Há poucos dias você me chamou de estuprador e eu falei que não ia estuprar você porque você não merece. Fica aqui para ouvir, Maria do Rosário - gritou da tribuna.
Em seguida, Bolsonaro iniciou um discurso contra os direitos humanos:
- No Brasil, o Dia Internacional dos Direitos Humanos é o Dia Internacional da Vagabundagem. Os direitos humanos no Brasil só defendem bandidos, estupradores, marginais e até corruptos - afirmou o progressista.
Veja vídeo da TV Câmara reproduzido por um canal no Youtube:
Depois, o político ainda aproveitou seu tempo para criticar o PT e a administração da presidente Dilma Rousseff.
Conforme a assessoria de imprensa da deputada, ela deixou o local logo após seu discurso, pois tinha outro compromisso, e não ouviu a fala de Bolsonaro.
O deputado Amauri Teixeira (PT-BA), que presidia a sessão no momento dos discursos de Maria do Rosário e Bolsonaro, deve ingressar com uma representação no Conselho de Ética contra o deputado progressista, por quebra de decoro parlamentar. A informação foi confirmada pela assessoria de Maria do Rosário.
Após a sessão, a bancada do PT na casa decidiu também ingressar com uma denúncia-crime contra Bolsonaro. Conforme a assessoria de imprensa de Maria do Rosário, os petistas consideraram que o deputado progressista "incitou um crime contra a mulher, o estupro, em sua fala", e por isso deve responder criminalmente, na esfera do Supremo Tribunal Federal (STF).
Maria do Rosário afirma que discurso ofende todas as mulheres
Em entrevista a Zero Hora, Maria do Rosário afirmou que não vê o discurso de Bolsonaro como um ataque pessoal, mas como uma ofensa a todas as mulheres:
- Por trás dessa frase, existe um discurso de que, em algum momento, um homem como ele pode estuprar uma mulher que escolha. Por isso essa frase me agride, porque é um homem dizendo que tem o poder de escolher quem ele quer estuprar. Essa frase não é contra mim, é contra todas as mulheres. Acho isso muito grave, gravíssimo. Mas não quero nenhuma solidariedade, quero indignação da sociedade - afirmou a deputada.
Foto: Daniel Conzi / Agência RBS
Segundo a ex-ministra, caso a Câmara tivesse tomado uma atitude quando Bolsonaro a ofendeu de forma semelhante em 2003, ela não teria de ouvir novamente o mesmo ataque.
- De 2003 pra cá, nunca dirigi a palavra a esse senhor. Não citei ele no meu pronunciamento. Estou estudando que medidas eu posso tomar para que ele não me dirija a palavra e não se aproxime de mim em nenhum lugar dessa Casa. Me sinto agredida por ele. Já fui agredida fisicamente por ele em 2003, ele me empurrou naquela ocasião.
Questionado, o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), disse ainda não ter assistido à gravação do pronunciamento de Bolsonaro. Mas, ao saber o teor da declaração, Alves a considerou "um absurdo" e disse que "não são termos" aceitáveis.
Confira mais notícias sobre política
Leia as últimas notícias de Zero Hora
Bancada gaúcha do PT defende que Bolsonaro seja processado
Em nome da bancada gaúcha do PT, o deputado Valdeci Oliveira repudiou as manifestações feitas por Bolsonaro a Maria do Rosário, classificando-as como "absurdas, vis e antidemocráticas".
- Ao afirmar que só não estupraria a ex-ministra dos Direitos Humanos porque ela não merece, Bolsonaro deveria ser processado por quebra do decoro parlamentar e incitação à violência. Estimular a violência e o estupro é demais, ultrapassa qualquer limite. O Congresso tem que punir este cidadão. Ele não pode, na tribuna daquela Casa, ter atitudes machistas, retrógradas e insanas como esta - afirmou o líder petista, ao defender uma representação criminal contra Bolsonaro.
Jean Wyllys pede providências à Corregedoria
O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) afirmou que a fala de Bolsonaro foi uma "ofensa machista e misógina" e usou seu discurso na tribuna da Câmara, também nesta terça-feira, para pedir "providências concretas" contra os "abusos" do progressista: