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Na ponta do pé

Mulheres da terceira idade apostam no balé para definir o corpo

A psicanalista Maria Virgínia Eggers vive o sonho de ser uma bailarina aos 57 anos

09/12/2014 - 17h01min

Atualizada em: 09/12/2014 - 17h01min


Mateus Bruxel / Agencia RBS
De segunda a sexta, Maria Virgínia Eggers pratica ballet. Aos 57 anos, ela se orgulha de já fazer boa parte dos exercícios na ponta dos pés

Ficar na ponta do pé, graciosamente, e erguer o próprio corpo a partir do estômago, tomando consciência de cada movimento são vitórias que Maria Virgínia Eggers conquistou aos 57 anos. Em busca de um corpo mais feminino, mais saúde e de uma atividade que a fizesse feliz, a psicanalista se apaixonou pela dança que hoje faz parte da sua rotina. De segunda a sexta, Virgínia chega ao estúdio de balé, depois de um dia inteiro de trabalho, troca o sapato pela sapatilha de ponta, a calça social pelo saiote e encontra com as colegas do balé adulto.

Tudo começou no pilates. A fisioterapeuta Letícia Krensinger, que também é bailarina, mesclava movimentos dos dois exercícios e viu o potencial de Virgínia. Em poucos meses, ela perdeu a aluna e ganhou uma nova colega.

- Eu realmente amo o balé. Eu descobri que posso fazer coisas que jamais imaginei que tinha capacidade. Hoje, já ando na ponta do pé. Muitas vezes, a aula termina e nossa turma continua se exercitando, repetindo os passos. Tudo pelo prazer de continuar dançando - conta Virgínia.

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Há poucas lesões que impedem alguém de começar a fazer balé quando adulto. O exercício fortalece o corpo com movimentos graciosos. Não há aquela dor do dia seguinte como na musculação. Quem faz, na verdade, sempre quer mais e mais.

- O balé trabalha o corpo de maneira completa, global. Fortalece os músculos sem provocar o encurtamento, como a musculação. Além disso, fortalece o cérebro quando exige coordenação motora e equilíbrio. Até quem acha que pode ter a coordenação e o equilíbrio comprometidos pela idade pode sentir resultados positivos, nesse sentido - explica a fisioterapeuta.

O mito de que apenas crianças podem começar a dançar não é verdadeiro. Virgínia teve poucas aulas quando tinha sete anos, mas logo teve que parar. Ao longo dos 50 anos que passaram até o reencontro com a dança, ela lembrava com nostalgia dos primeiros passos. Quando voltou ao balé, começou nas aulas de "Barre-Terre", uma versão no solo de exercícios que, geralmente, são feitos na barra. São exercícios que usam técnicas do balé clássico para condicionamento do corpo que fortalecem pernas, tornozelos, pés e costas. Em pouco tempo, Virgínia quis mais e começou a fazer aulas de balé clássico para adultos, depois se matriculou também no balé na ponta e hoje, se pudesse, dançaria todos os dias.

- Eu saio da aula super bem. Eu chego nas aulas cansada do dia cheio, mas saio revigorada. Há quem ache um absurdo uma mulher de 57 anos dançando balé. Eu acho lindo. A ponta é a parte mais difícil, porque é preciso sustentar o corpo na ponta do polegar.

Como poderia ser um absurdo? Virgínia é uma jovem mulher com vitalidade e energia de uma menina. A cada nova aula consegue fazer com que o próprio corpo superar limites.

- O corpo dela mudou bastante, está mais definido, mais feminino. O balé não faz o corpo hipertrofiar nem inchar. É um esporte tão completo quanto à natação. Dançar duas vezes por semana corresponde ao dobro de vezes na musculação - explica Krensinger.

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Virgínia perdeu oito centímetros de cintura em poucos meses de aula. Sem perceber, as alunas perdem peso quando a técnica é bem aplicada. A psicanalista levou mais do que a parte saudável para a vida pessoal e profissional. O rigor e a seriedade das aulas também têm ensinado muito.

- A psicanálise é também uma profissão belíssima e difícil, assim como o balé. Ela é abstrata, é artesanal, cada dia surpreende. Levo a leveza do balé para minha profissão. O balé humaniza, é lúdico e eu trabalho com crianças e saber isso é fundamental. Os dois me ensinam a ser uma pessoa melhor.

Exausta, ao final da aula, ofegante, Virgínia sua depois de duas horas de aula sem um minuto de descanso. Ela chega em casa depois das 22 horas e logo cedo está de pé, sem dor, pronta para um dia inteiro no trabalho, contando cada minuto para que à noite se aproxime e uma nova aula comece e novos passos sejam repetidos.


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