Geral



Caso Ricardo dos Santos

Policial que atirou no surfista Ricardinho teve porte de arma suspenso pela PM há três anos

Ministério Público vai investigar por que arma da corporação foi devolvida ao soldado Mota

29/01/2015 - 18h08min

Atualizada em: 29/01/2015 - 18h08min


O policial militar Luis Paulo Mota Brentano, que atirou no surfista Ricardo dos Santos na Guarda do Embaú, teve o porte de arma suspenso pela Polícia Militar (PM) há três anos, mas a corporação devolveu a arma ao soldado algum tempo, não especificado, depois. A reportagem do Jornal do Almoço teve acesso aos documentos que comprovam a decisão da PM, que considera o soldado Mota agressivo:

"A análise dos fatos, bem como o histórico funcional do indiciado, revela que o soldado Mota trata-se de pessoa agressiva, não sendo este o primeiro caso em que o mesmo responde por atos de violência injustificada. Em razão do comportamento agressivo demonstrado, sou de parecer que o soldado Mota deve ser retirado imediatamente da atividade fim, sendo absolutamente desaconselhável autorizar o registro ou porte de armas particular ou da corporação". Capitão Ribeiro

O capitão concluiu um dos três inquéritos abertos contra o soldado Mota
na Justiça Militar. Em fevereiro de 2012, o comandante do 8º Batalhão, Coronel Eduardo Luiz do Valles, suspendeu o porte de arma e apreendeu a arma cedida pela corporção ao soldado, após ele ter se envolvido em situação parecida com a que resultou na morte de Ricardinho.

::  Delegacia de Palhoça finaliza inquérito e indicia policial que matou o surfista Ricardo dos Santos

Em janeiro de 2012, também em um momento de folga, Mota teria se envolvido em uma briga e ido até seu veículo buscar sua arma, que teria sido usada para agredir com coronhadas o homem com quem brigava, segundo denúncia do Ministério Público (MP)

Esse processo corre na justiça e o soldado responderá por lesão corporal. Em outro caso, em janeiro de 2010, o MP denunciou agressão de Mota a um jovem que não quis pagar a conta em uma boate de Joinville.

O afastamento do soldado de funções de rua da PM foi pedido pelo MP em 2 de junho de 2014, mas ele seguiu atendendo a chamados externos. Relatórios da PM mostram que Mota participou de uma ocorrência de furto em supermercado, oito dias após a decisão do MP, outra ocorrência de porte ilegal de arma de fogo na região central de Joinville em julho de 2014, e há três meses, participou da prisão de homens que roubaram uma verdureira. Em setembro, Mota participou de ocorrência que acabou na morte de um homem na zona sul de Joinville.

:: Policial que atirou no surfista Ricardinho se manifesta sobre o caso
:: Fantástico entrevista a mãe de rapaz que teria sido torturado por policial

O MP investigará agora por que a arma foi devolvida a Mota e se algum comandante quis favorecer o soldado. O promotor Raul Rabello pediu abertura de inquérito policial militar que tem 40 dias para ficar pronto. Com o resultado, o promotor poderá denunciar o comando pelo crime de prevaricação, quando se deixa de praticar ato de ofício para satisfazer interesse pessoal. A pena vai de 6 meses a dois anos de detenção.


Leia mais
::: Laudo confirma que policial que atirou em Ricardinho ingeriu álcool no dia do crime
::: MP havia recomendado afastamento do policial que atirou em surfista
::: Policial projetava carreira promissora antes de se envolver na morte de Ricardinho

Relembre a reconstituição do caso, feita nesta terça-feira na Guarda do Embaú:


MAIS SOBRE

Últimas Notícias