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Visita presidencial

Dilma exalta parque eólico e ignora manifestações nas estradas

Presidente inaugurou empreendimento energético em Santa Vitória do Palmar, na Zona Sul, e deixou local sem falar com a imprensa

27/02/2015 - 17h37min

Atualizada em: 27/02/2015 - 17h37min


Juliana Bublitz
Juliana Bublitz
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Carlos Macedo / Agencia RBS

Em meio à onda de protestos que agita as rodovias brasileiras, a presidente Dilma Rousseff inaugurou, nesta sexta-feira, no interior de Santa Vitória do Palmar, extremo sul do Estado, o maior empreendimento eólico do Rio Grande do Sul. Diante de apoiadores, fez do ato no Parque Geribatu - capaz de gerar energia para 1,5 milhão de pessoas - uma oportunidade para reverter a queda na popularidade diante da crise nas estradas e das denúncias de corrupção na Petrobras. Em seu discurso, ignorou as manifestações.

Antes de iniciar a agenda positiva, a presidente passou por Pelotas, onde recebeu prefeitos da Associação de Municípios da Zona Sul. Eles entregaram uma carta pedindo a manutenção dos investimentos no polo naval de Rio Grande.

Mais tarde, de helicóptero, Dilma chegou ao palco montado junto aos 129 cata-ventos gigantes de Geribatu acompanhada do governador José Ivo Sartori e de dois ministros. O empreendimento integra o Complexo Eólico Campos Neutrais, considerado o maior da América Latina, incluindo os parques Chuí e Hermenegildo, ainda em implementação. Minutos antes da aterrissagem, um grupo de mais de cem integrantes do Movimento dos Trabalhadores Autônomos de Cargas ocupou a via de acesso ao parque. Com apitos e faixas - cujos letreiros exibiam frases como "basta de fanfarras" e "fora Dilma" -, os manifestantes foram barrados e não conseguiram chegar perto.

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A cerca de 200 quilômetros dali, outro grupo, formado por produtores rurais e motoristas profissionais, montou uma barreira na BR-471, em Rio Grande. Em busca da atenção da presidente, os manifestantes espalharam pneus, galões de leite e faixas na rodovia, mas Dilma não passou pela estrada.

Ao subir no palco, ela foi recebida com palmas - ao contrário de Sartori, que acabou vaiado. O apitaço ao fundo ficou em segundo plano, e Dilma deu início a uma fala de 23 minutos, restrita ao tema da geração de energia. Lembrou do período em que atuou como secretária da pasta no governo Olívio Dutra e disse que, desde aquela época, no fim dos anos 1990, sonhava em ver aerogeradores na região.

- Esse parque eólico significa muitas coisas. É energia firme e garantida aqui, para quem quiser vir, investir, trabalhar, progredir, em qualquer área. Aqui vocês têm uma oportunidade de desenvolvimento aberto para toda a região - disse Dilma.

Ela também assegurou que o Brasil conta com "segurança energética", mas que é preciso "lutar pelo consumo racional de energia" - o "desperdício zero". E garantiu que "os aumentos nos preços da energia são passageiros", em função da "maior falta de água dos últimos cem anos".

Ao final, blindada por seguranças e assessores, longe dos fotógrafos, deixou o local sem falar com a imprensa.

O empreendimento eólico

- Maior empreendimento eólico do RS, o Parque Geribatu representa um incremento de 30% na potência instalada no Estado.

- Conta com 129 aerogeradores (cata-ventos) distribuídos em dez usinas, em uma área de 47,5 quilômetros quadrados.

- O parque e os sistemas de transmissão associados somam R$ 2,1 bilhões em investimentos e fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC2).

- A Eletrosul e a FIP Rio Bravo Energia I são parceiras no empreendimento.

- Além de Geribatu, que tem capacidade de gerar 258 megawatts, o suficiente para abastecer 1,5 milhão de pessoas, outros dois parques - Chuí e Hermenegildo - estão em implantação na região.

- Juntos, esses parques formam o Complexo Eólico Campos Neutrais, considerado o maior da América Latina, com 583 megawatts de capacidade prevista, gerando 4,8 mil empregos diretos e indiretos.

- Para escoar a produção dos parques e integrar a Zona Sul ao Sistema Interligado Nacional, foi implantado um novo sistema de transmissão, que compreende cerca de 470 quilômetros de linhas de extra-alta tensão, entre outras ações.

* Zero Hora


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