O ocaso do amor
Filme francês "O Ciúme" aborda crise dos relacionamentos
Filme de Philippe Garrel estrelado por seu filho Louis está em cartaz na Cinemateca Paulo Amorim
Não deixa de ser curioso que o cineasta Philippe Garrel tenha se inspirado em seu pai, Maurice, e escolhido seu filho Louis para protagonizar O Ciúme, filme francês que estreou nesta semana com considerável atraso na Cinemateca Paulo Amorim: trata-se de um ensaio sobre o ocaso das relações, que pelo título parece consequência de um único sentimento, mas que, na prática, se dá de maneira mais complexa.
Na trama, o personagem do galã Louis Garrel é um ator que abandona mulher (Rebecca Convenant) e filha (Olga Milshtein) e vai viver com outra atriz (Anna Mouglalis, a linda modelo que virou protagonista do ótimo Coco Chanel & Igor Stravinsky). Só que o novo relacionamento também tem seus problemas - falta de dinheiro de ambos e dificuldades de afirmação profissional dela, por exemplo.
Com habilidade, Philippe Garrel varia a perspectiva pela qual observamos o crescimento da crise do casal. Lá pelas tantas, é ela, e não mais ele, que se deixa consumir pelo ciúme e passa a agir com desdém pela relação. O que o cineasta está dizendo é que, no fundo, a união dos dois constitui um espelho de ações e reações de um refletidas no outro, em um vaivém ininterrupto.
Parece simples, mas é absolutamente sofisticada a construção narrativa de O Ciúme. É o melhor do filme, que com sua fotografia em preto e branco (de Willy Kurant, de Masculino-Feminino, de Godard) traz ecos da produção francesa dos anos 1960 - um tempo que Garrel, pelo visto, jamais quer deixar para trás.
O Ciúme
(La Jalousie)
De Philippe Garrel
Drama, França, 2013, 77 minutos, 12 anos.
Em cartaz em Porto Alegre na Sala Eduardo Hirtz da Casa de Cultura Mario Quintana, às 16h30min e às 20h. A sala fica fechada nas segundas-feiras.
Cotação: bom.