Por trás da folia
Saiba como foram os bastidores do Carnaval de Porto Alegre
O que movimentou a avenida, a arquibancada e os arredores do Porto Seco nos dois dias de folia
As homenagens dos samba enredos das escolas de Porto Alegre a destinos como Torres, Rio de Janeiro, Bahia, Cuba e Nigéria entre os destaques dos desfiles deste ano. Não foram temas inovadores, mas renderam belas alegorias e fantasias. Outros temas, como a juventude e a sustentatabilidade também inspiraram os foliões.
No caso da Embaixadores do Ritmo, o tema extrapolou o enredo e foi para a prática: a escola reutilizou fantasias da Império Casa Verde, de São Paulo, e chamou a atenção pelos carros com brilhos e alas azuis, em alusão à água e sua escassez.
No sábado, a União da Vila do Iapi inovou ao realizar em um dos carros uma pintura de grafite ao vivo, junto com jovens andando de skate em uma mini-pista. A mistura de linguagens agradou o público.
Com uma plateia de quase 75 mil pessoas nos dois dias de arquibancadas lotadas, o carnaval teve como escolas favoritas Bambas da Orgia e Acadêmicos do Gravataí, na primeira noite, Embaixadores do Ritmo e Imperadores do Samba na segunda noite.
A quebra de um dos carros da Imperatriz Dona Leopoldina abriu o debate para os problemas financeiro s da escola: segundo o carnavalesco, a atual gestão não cumpriu com o combinado em termos de remuneração, levando a o atraso da finalização das alegorias - dois dias antes do desfile, Valente não tinha chegado ao barracão.
Fora da avenida
Na arquibancada, a maior vibração da torcida foi com o Estado Maior da Restinga e Bambas da Orgia, no início e fim da primeira noite, e com o Imperadores do Samba na segunda.
Os desfiles das escolas de comunidade, como são chamadas, mobilizou gente como os irmãos Rhayane, Renan, Ana Laura e Ana Karolina, da nova geração de sambistas que desfilou por uma escola, mas na noite seguinte torcia pela outra.
Enquanto isso, no Butekão do Samba, o show do pagode do Dorinho animou os foliões que não se contentam apenas em assistir sentados na arquibancada.
Entre eles, estava o grupo de amigos Antonieta e Camila Lopes, Alessandro Oliveira e Eliane Santiago. Há três anos, Antonieta traz a irmã para "ver" o carnaval através da sua descrição. O grito dos puxadores e o som da bateria é um dos elementos que mais encanta os deficientes visuais.
O sonho deles é um dia pisar na avenida desfilando por uma das escolas. Por enquanto, a turma se diverte com a detalhada e criativa narração de Antonieta (que não nega puxar a brasa pro assado da Imperadores, sua escola de coração).
GALERIA: segundo dia de desfile em Porto Alegre