Com que objetivo a prefeitura de Porto Alegre resolveu descaracterizar as avenidas Borges de Medeiros e Praia de Belas, criando um absurdo urbano? Quando li pela primeira vem em ZH a notícia sobre o tal "binário", antes de iniciarem as obras, pensei: vai dar merda. Não via racionalidade na ideia, pois as duas vias têm perfis distintos. Não deu outra. Enquanto a Borges agora está subutilizada na antiga pista bairro-centro, a Praia de Belas, bem mais estreita e com sinaleiras em cada esquina, virou um inferno - a propósito, alguém deve estar faturando com a compra de sinaleiras na cidade.

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Enquanto a Borges sempre suportou bem o trânsito pesado, a Praia de Belas não conhecia isso. Agora por ela trafegam todo tipo de caminhões e sei lá quantas linhas de ônibus, que antes usavam a Borges. A Praia de Belas era uma via adaptada ao fluxo do Menino Deus; em sua maior parte, de ambos os lados, tem edifícios residenciais, comerciais e de instituições públicas. Fora do Centro Histórico, a Borges tem em toda a extensão um parque, isto é, trata-se de uma via marginal. Nenhuma das duas tinha especiais problemas de trânsito, exceto nas horas de pico e somente nos cruzamentos com a Ipiranga. Então essa não deve ter sido a razão para a desastrada cirurgia.

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Qual a razão? Ninguém consegue imaginar. Eu gostaria de saber de que mentes privilegiadas saiu tal projeto irresponsável. Os técnicos da prefeitura criaram um problema que não havia. Fizeram uma intervenção desnecessária. Se ainda tivessem feito testes... Mas não, quando se viu a cacaca estava feita, e incomodando. Como exemplo da leviandade, a antiga pista bairro-Centro da Borges entre o viaduto Dom Pedro I e a Ipiranga hoje anda quase às moscas. E um trecho da Praia de Belas, que antes levava ao mesmo viaduto, agora não vai nem vem.

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Mesmo antes de se materializar, o óbvio dessa intervenção é que nas duas pontas do "binário" haveria afunilamento pela simples inexistência de alternativas. A coitadinha da "nova" Praia de Belas virou uma Geni: é o trajeto para quem vai ao Centro, ao Bom Fim, ao aeroporto, à ponte, às BRs. Muitos motoristas passam a evitá-la, sobrecarregando a Múcio Teixeira e a Getúlio Vargas. Além de criar um problema antes inexistente, a "cirurgia" transtornou o bairro.

No infográfico abaixo, veja o que muda no trânsito da região:

* Zero Hora