Porto Alegre



Alteração indigesta

Motoristas e pedestres reclamam de trânsito na Capital com o binário

Pontos de congestionamento e barulho incomodam moradores. EPTC admite problemas na sinalização, mas defende benefícios da mudança

05/03/2015 - 04h02min

Atualizada em: 05/03/2015 - 04h02min


Guilherme Justino
Guilherme Justino
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Omar Freitas / Agencia RBS
Mudanças que criaram sentidos únicos e opostos nas avenidas Praia de Belas e Borges de Medeiros ainda causam confusão

Buzinadas, disputas de espaço e saídas de estacionamento turbulentas viraram rotina em uma avenida que, apesar de sempre movimentada, nunca viu tanta confusão no trânsito. Desde a implantação do binário na Avenida Praia de Belas, em 20 de fevereiro, uma das principais ligações da Zona Sul com o Centro de Porto Alegre tem enfrentado congestionamentos diários, que sequer se limitam aos horários de pico. Quem não gostou das alterações acredita que foi criado um problema de tráfego onde, antes, o fluxo era bom.

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As reclamações de moradores e motoristas levaram a uma reunião na noite de terça-feira com a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), quando foram apontados problemas e sugeridas soluções para o binário. Os moradores do bairro Menino Deus concentram as críticas em dois eixos: a intensificação de congestionamentos nas proximidades com a Avenida Ipiranga e o aumento do barulho na região. Para os condutores, o trajeto vislumbrado pela EPTC ainda não está claro.

- Na (avenida) Borges de Medeiros se andava bem, estava tudo certo, e agora a gente não sabe mais onde pode entrar e onde não pode. Está muito tumultuado - lamenta o taxista Luiz Fontana, 75 anos.

Confira as mudanças que mais incomodam moradores e motoristas

Problemas para pedestres motoristas e passageiros
Os motoristas são os mais insatisfeitos com a mudança, mas pedestres e passageiros de ônibus também apontam problemas. A usuária da linha T7 Isabela Resta diz que as mudanças nas paradas e no trajeto dos coletivos ainda confunde. E, apesar da criação de 10 novas faixas de segurança ao longo das avenidas, a mudança de sentido perturba quem estava acostumado ao fluxo em lados contrários.

- Pode não ter sido a intenção, mas acabaram melhorando o fluxo do automóvel em detrimento do pedestre - afirma Oleti Gomes, presidente da Associação dos Amigos e Moradores do Bairro Menino Deus (Assamed). - Tudo tinha de estar muito bem sinalizado, mas não é o que acontece. As pessoas estão perdidas.

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O presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Vanderlei Cappellari, admite problemas na sinalização, mas garante que o binário simplificou a circulação de veículos na região. Para ele, surgiram novos pontos de acúmulo de veículos, mas o congestionamento tem sido muito menor do que antes:

- É natural que ainda haja uma série de pequenas obras a serem executadas, mas basta as pessoas consolidarem o hábito de trafegar nesses novos sentidos para identificar os benefícios. Isso vai ser resolvido com o tempo, não é de um dia para o outro.

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Incomodado com as mudanças, o consultor em engenharia de trânsito Jorge Karan avalia que faltou planejamento na implementação do binário. Ele acredita que seria preciso mais tempo de estudo e avaliação do tráfego, além de um período de testes, para colocar em prática alterações de fluxo tão significativas na Capital.

No infográfico abaixo, veja o que muda no trânsito da região:

* Zero Hora


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