Vida e Estilo



De patas dadas

Amigos fazem campanha para ajudar 67 cães de idosa que morreu

A matilha de Fernanda aguarda a construção de canis para poderem mudar para um novo lar

23/05/2015 - 05h01min

Atualizada em: 23/05/2015 - 05h01min


Greyce Vargas
Greyce Vargas
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Félix Zucco / Agencia RBS

Dias antes de morrer, Fernanda exigiu da amiga Eneida uma promessa. Aos 67 anos, não reclamava das fortes dores, nem lamentava a amputação de uma das pernas ou o câncer de pulmão. Ela só queria ter certeza de que, depois da morte, alguém cuidaria dos quase 70 cachorros que ela mantinha em casa, no bairro Jardim Aparecida, em Alvorada.

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Amigas havia mais de 10 anos, Fernanda - apelido de Iná Gomes - e Maria Eneida da Silveira, 51 anos,  compartilhavam o amor e a relação de entrega aos animais. Eneida não pôde negar aquele último pedido: comprometeu-se a cuidar dos cachorros quando a amiga não pudesse mais. Fernanda morreu em um sábado, 9 de maio.

Com olhar carente, os cães recebem Eneida na casa que ainda abriga os animais. Depois que o marido de Fernanda sai para trabalhar, uma outra amiga, Denise, alimenta e dá cuidado a eles. Mas a situação é delicada. Terão de sair do atual lar nos próximos dias, e Eneida ainda tem uma promessa para cumprir.

- No sítio, cuido de cerca de 500 cachorros. Para eu levar a matilha da Fernanda, preciso de ajuda para organizar a estrutura até que eles possam estar em segurança e mantidos longe do frio, da chuva e do calor forte - explica Eneida.

Interessados em adotar são muito bem-vindos

Os quase 70 animais, a maioria sem nome, que restaram já vivem separados em grupos na casa de Alvorada. Soltos, na casa e no pátio, estão os mais dóceis e os mais velhos. Embaixo da casa, o mais brabo, que só aceita as ordens de Denise. Nos fundos, pelo menos mais 10 canis improvisados separam os grupos por comportamento. Nenhuma estrutura poderia ser transferida para o sítio de Eneida. Fernanda construiu um a um os espaços com restos de materiais que encontrava na rua.

Conheça alguns dos cãezinhos que Fernanda cuidou:

- Os cães podem ser doados, se os adotantes garantirem que serão bem cuidados e não vão ser abandonados. Esses animais, principalmente os mais velhos, são ótimos companheiros. Tudo o que eles querem é carinho e atenção. Para que eu possa garantir a segurança deles, temos que levantar, ao menos,
12 canis - diz Eneida.

Quem vive no sítio de Viamão, está bem. São bem alimentados, com o esforço de Eneida e o marido, e a ajuda de ONGs que trabalham pelos animais domésticos. Para que Fernanda descanse em paz, Eneida tem que juntar o dinheiro necessário para os novos abrigos.

- Lançamos uma campanha no Facebook para conseguir cerca de R$ 20 mil para construir os canis. Alguns já conquistaram um novo lar, mas os outros, que apresentam alguma dificuldade, eu mesma cuidarei.

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Todos os dias, ela e o marido se encarregam de levar a turma ao Hospital Veterinário da UFRGS para realizar exames e encaminhar castrações.

- Nós só precisamos dar conta da segurança deles. Em canis, eles continuarão vivendo com os grupos que estão acostumados e terão acesso ao pátio, em áreas onde não ameaçam os outros.

Para ajudar na construção dos canis ou dar outro lar também digno aos bichinhos, Eneida atende, a qualquer hora do dia, em uma página no Facebook e pelo telefone (51) 9302-2380.


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