Libertadores



De Fora da Área

Léo Iolovitch: tolerância com a violência não pode ser admitida

Advogado e escritor avalia violência causada por torcedores em dois episódios na semana passada

22/05/2015 - 09h34min

Atualizada em: 22/05/2015 - 09h34min


JUAN MABROMATA / AFP

Dois fatos ocorridos na semana passada mereceram registro na imprensa. O mais importante foi em Buenos Aires, onde a torcida do Boca atirou gás em jogadores do River. A estupidez e absurdo do gesto dispensariam comentários. Infelizmente, existe uma complacência que estimula a impunidade e a prática destes atos. Começa pelo estádio, sem condições de sediar jogos internacionais. O jogador que vai cobrar um escanteio, por exemplo, precisa de escudos da polícia para preservar sua integridade. Bastaria esse argumento para interditar o estádio.

Porém costuma haver uma inversão de valores e a violência da torcida e práticas antiesportivas são enaltecidas como paixão xeneize, alma castelhana, time copeiro, além da frase: isso "é" a Libertadores. Desculpem-me os apologistas da violência dentro e fora de campo, mas isso não é Libertadores e não é futebol. Isso é e deve ser passado. O Boca foi eliminado da competição, os celerados que jogaram o gás na equipe adversária acabaram fazendo um gol contra no seu próprio time.

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No meio da semana uma pequena nota noticiava que alguns "torcedores" teriam feito foguetório no hotel onde estava o Atlético-MG. O tamanho da notícia mostra o grau de banalidade com que é tratado esse comportamento inadmissível, que é o germe do que aconteceu na Bombonera. Não se pode tolerar a violência de qualquer tipo, mais ainda em relação aos atletas. Seja lançando gás, objetos, insultos ou tentando perturbar seu sono, para prejudicar sua atuação no dia do jogo. Basta. Isso não pode ser visto como uma "brincadeirinha de mau gosto". Isso é uma barbaridade e precisa ser coibida de forma rígida, com penalização efetiva dos autores dessa ilicitude. A polícia chega tarde, prende um ou dois e depois são soltos sem maiores consequências. Seria importante fotografar e mostrar a cara desses que não são torcedores, que não representam o time, para que sejam impedidos de frequentar estádios.

O exemplo do Caminho do Gol durante a Copa foi um modelo de civilidade e confraternização. Em boa hora, nosso Estado dá exemplo ao estimular a ideia da torcida mista, mostrando que os torcedores não são marginais, são amantes da paz e querem apenas se divertir e apoiar seus times. Ah, como seria bom se, além do policiamento, as torcidas locais fossem aos hotéis dos clubes visitantes, para impedir os foguetórios. Poderíamos, mais uma vez, dar exemplo de hospitalidade, afinal é deste modo que gostamos de ser recebidos quando viajamos com nosso time.

A tolerância e complacência com atos de violência relacionados com o futebol não podem ser admitidos em nenhuma hipótese. Não é disso que precisamos e não é isso que queremos. O que desejamos são mais gols como aquele por cobertura do Valdívia ou a curva mágica do chute do D'Alessandro. Esses merecem muitos foguetes.


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