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Mudança na Praia de Belas

Mesmo com faixa para ônibus, binário ainda gera confusão na Capital

Quando corredor acaba, coletivos precisam atravessar duas faixas à direita, lado em que fica a próxima parada

06/05/2015 - 04h04min

Atualizada em: 06/05/2015 - 04h04min


Bruna Scirea
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Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
EPTC estuda mecanismo para que os ônibus arranquem antes dos automóveis no semáforo da Ipiranga

Poucos dias após a implantação da faixa exclusiva para ônibus, o trânsito na Avenida Praia de Belas continua dividindo opiniões de pedestres, passageiros e motoristas. Ainda que o fluxo dos veículos tenha ficado mais organizado, é consenso que há muito a ser feito para que as vantagens do polêmico binário com a Avenida Borges de Medeiros possam ser usufruídas sem queixas.

Entre a Rua Costa e a Avenida Ipiranga, a área exclusiva para ônibus, liberada no sábado, está sinalizada nas cores branca e azul, em pinturas de faixas contínuas e tachões - ela fica na pista à esquerda da Praia de Belas, na faixa junto ao canteiro central. A partir da Ipiranga, quando o corredor acaba, os coletivos precisam atravessar duas faixas à direita, lado em que fica a próxima parada. Esse cruzamento - quase sempre conturbado - é o primeiro problema apontado por passageiros e motoristas.

- A desorganização ainda está grande, e o trânsito, em geral, mais demorado. Mas o maior problema é enfrentado pelos motoristas de ônibus, que reclamam que tem de ir se direcionando à direita após a Ipiranga - avalia a secretária Thaís Agarrallua, 23 anos.

Corredor de ônibus é inaugurado na Avenida Praia de Belas
O que funcionou (ou não) no binário Praia de Belas-Borges de Medeiros

Na avaliação do engenheiro civil mestre em transportes Felipe Souza, uma possível solução é a aplicação do tempo diferenciado no semáforo para carros que se deslocam na via da direita e os coletivos, que trafegam à esquerda.

- Essa questão poderia ser contornada se, por exemplo, o sinal abrisse alguns segundos antes para coletivos, carros que circulam pela via da esquerda e os que, do outro lado, fazem a conversão na Ipiranga, à direita - sugere Souza, que é professor da Unisinos.

Um estudo similar ao sugerido pelo especialista está em desenvolvimento, afirma Vanderlei Cappellari, diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC).

- Existe um trecho adequado para que esse movimento seja feito (são cerca de 180 metros entre a Ipiranga e a próxima parada), mas nossa equipe avalia a possibilidade de se criar um mecanismo para que os ônibus possam sair na frente - afirma Cappellari.

Para a estudante Sandy da Silva, 21 anos, a grande vantagem do corredor é a segurança que traz aos passageiros. Mas ela se queixa de ausência de faixa de segurança no trecho entre a Ipiranga e a Avenida Aureliano de Figueiredo Pinto. Problema também enfrentado diariamente pela servidora do Estado Maristela Zancan, que, para economizar o tempo de deslocamento até uma das faixas de pedestre, se aventura na via:

- O jeito é esperar o trânsito parar um pouco e sair correndo entre os carros.

Especialista em transportes da UFRGS, João Fortini Albano enxerga o binário como uma importante medida para melhorar a circulação da cidade, e que avança com o corredor de ônibus.

- Toda obra de mobilidade demanda tempo para que o usuário se adapte, mas é importante ir ajeitando aos poucos para melhorar a fluidez, como tem ocorrido no sentido contrário (na Avenida Borges de Medeiros).

Os problemas e os planos

Após cruzar a Ipiranga no sentido bairro-centro, os ônibus precisam atravessar duas pistas para sair da faixa exclusiva e chegar à direita, onde estão as paradas.

O que diz a EPTC: "Possivelmente será adotado um mecanismo para que os ônibus arranquem antes dos automóveis no semáforo da Ipiranga."

Automóveis podem estacionar na via da esquerda entre as ruas Botafogo e Cecília Meireles. Agora, com o corredor de ônibus, resta apenas uma pista de rodagem.

O que diz a EPTC: "O órgão pretende restringir o horário de estacionamento no local. Uma mudança deverá ocorrer ainda nesta semana."

Não há faixa de segurança no trecho entre a Ipiranga e a Avenida Aureliano de Figueiredo Pinto. Pedestres precisam se arriscar ao atravessar entre os carros.

O que diz a EPTC: "Está sendo avaliado qual o ponto de maior demanda entre as ruas que cortam a Praia de Belas no trecho. No local identificado, será criado um ponto de travessia para pedestres".


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