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No Estado, 22 novos partidos estão em processo de formação

Há siglas voltadas para idosos, cristãos, liberais, militares, mulheres e estudantes

04/05/2015 - 06h02min

Atualizada em: 04/05/2015 - 06h02min


Nelson Jr. / Divulgação
Quatro das novas legendas aguardam julgamento no Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília (foto)

Vinte e dois novos partidos estão em processo de formação no Estado. Ainda na fase de coleta de assinaturas de apoio, estão siglas voltadas para idosos, cristãos, liberais, militares, mulheres e estudantes. Somente nos primeiros quatro meses deste ano, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS) recebeu sete pedidos - ou 31,8% do total de ações que tramitam na Corte desde 2010. Para especialistas consultados pela reportagem, o dinheiro do fundo partidário funciona como um "chamariz" para a criação de novas legendas.

Em uma etapa mais adiantada, quatro dessas siglas já conseguiram coletar o número mínimo de assinaturas (0,5% do eleitorado, espalhados por ao menos nove estados) e aguardam aval do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para se juntar aos 32 partidos políticos existentes no país. Na fila de espera, estão os partidos Novo (Novo), Liberal (PL), da Mulher Brasileira (PMB) e do Servidor Público e Privado (PSPP).

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Vice-presidente do Novo, Fábio Ribeiro lembra que uma recente pesquisa do Datafolha mostrou que 71% dos brasileiros não têm partido de preferência. Segundo ele, a sigla está sendo criada para ser uma alternativa às pessoas que "querem participar da política, mas não se sentem representadas".

- Não sabemos de nenhum partido que defenda um Estado menor, o fim do Fundo Partidário e do horário eleitoral "gratuito", que exija que seus filiados preencham os requisitos da Lei da Ficha Limpa - disse.

Jair Andrade, presidente do Partido do Servidor Público e Privado, que se diz de centro-esquerda, também acha que a população não se sente representada pelas três dezenas de siglas existentes.

- Como primeiro partido advindo do subúrbio, feito, em sua maioria, por líderes comunitários, o partido conhece a expectativa da população quanto às melhorias da sociedade em geral, desenvolveremos assim um capitalismo social.

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71% dos brasileiros não têm preferência por partido político

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O Brasil possui atualmente um número de partidos 70% superior ao registrado em 1994. Para o cientista político Hermílio Santos, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), isso se deve a possibilidade que as siglas têm de ter "acesso garantido e automático a um fundo de recursos". Afinal, lembra ele, basta existir para entrar no rateio da verba, que está estimada em R$ 867,6 milhões para este ano.

- Há quase que uma vulgarização do que é um partido político, para que ele serve e o que representa. Por isso, muitas dessas iniciativas dizem respeito a um único tema. A causa até ser importante, mas talvez se enquadrasse melhor em uma ONG.

Santos considera que o país tem partidos em excesso e que as "tentativas de estabelecer cláusula de barreira são indispensáveis".

- Acho que compromete o processo democrático, porque a gente não tem 50 visões de mundo sobre previdência, por exemplo. Não tem cabimento e não é realista pensar que qualquer país tenha 50 visões de todos os temas relevantes, e visões viáveis.

Para o cientista político Alexandre Gouveia, da Universidade de Brasília (UnB), a diversidade de partidos, no entanto, é característica do nosso modelo democrático. Ele argumenta que as legendas representam interesses distintos, e que "a política é justamente a arte de administrar os interesses sem gerar conflitos".

O problema, segundo o professor, é que essa diversidade não se traduz em defesa de causas. Gouveia se diz contrário à imposição de barreiras para novos partidos, mas defende a criação de regras para acompanhamento dos chamados nanicos, além da fidelidade partidária.

- Somos um país de 515 anos que vota há 30 anos de forma democrática plena. Em comparação com outros países, somos um bebê recém-nascido que, de certa forma, ainda precisa de cuidados - compara.

Siglas em formação no RS

2015 (ano do registro do pedido no TRE-RS)

Partido do Mérito Municipalista (PMM)

Partido Alternativo dos Trabalhadores (PAT)

Partido da Segurança Pública e Cidadania (PSPC)

Nova Ordem Social (NOS)

Partido Cristão (PC)

Participação (PAR)

Rede Sustentabilidade (Rede)

2014

Partido Ecológico Cristão (PEC)

Partido Liberal (PL)

Partido Social (PS)

Partido da Mulher Brasileira (PMB)

Partido dos Pensionistas, Aposentados e Idosos do Brasil (Pai do Brasil)

Partido do Servidor Público e Privado (PSPP)

2013

Partido Novo (Novo)

Partido da Mobilização Popular (PMP)

Partido Humanista Democrático (PHD)

2012

Aliança Renovadora Nacional (Arena)

Partido Militar Brasileiro (PMB)

Partido Liberal Democrata (PLD)

Partido Federalista (PF)

2011

Partido dos Estudantes (PE)

2010

Partido pela Justiça Social (PJUS)

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