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Vida em rodovias

Rotina de shows faz com que músicos sertanejos passem longos períodos na estrada

Cantor Cristiano Araújo morreu em um acidente de trânsito na volta de um show

24/06/2015 - 20h20min

Atualizada em: 24/06/2015 - 20h20min


divulgação / Divulgação

Uma longa estrada pode mesmo ser boa metáfora para a vida de uma cantor sertanejo. Foi em uma dessas rotas que o músico Cristiano Araújo teve um acidente fatal na madrugada desta quarta-feira. Para quem trabalha no meio sertanejo, passar longos períodos nas rodovias é algo difícil de evitar.

- Os artistas ficam muito tempo expostos ao risco. Quando não estão indo ou voltando de shows, estão divulgando o trabalho em alguma rádio ou televisão. Há toda uma estrutura de produção, assessoria de imprensa e outras pessoas envolvidos que só consegue ser paga por meio de shows - avalia Michel Smera Hirata, produtor da dupla paulista Ricardo & João Fernando.

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Produtor da dupla Marcos & Belutti, de sucessos como Domingo de Manhã e Aquele um por Cento, Maurício Piller concorda que é difícil deixar de lado a rotina apertada de shows:

- É o trabalho, não tem jeito. O sertanejo é a onda do momento, quem garante que continuará sendo mais adiante? Quem garante que uma dupla repetirá o sucesso que consegue com uma canção quando lançar a seguinte? Aproveitar o momento faz parte da rotina dos artistas.

No universo da música sertaneja, os artistas costumam contratar escritórios para montarem suas logísticas de turnê. Mas são os produtores e os próprios músicos que decidem se o planejamento está adequado. Para tanto, levam em conta as questões físicas dos artistas e a própria estrutura dos espetáculos.

- O ideal é que a distância de um show a outro seja de até 500 quilômetros, mais ou menos, porque aí se pode descansar bem, sair de manhã de uma cidade e chegar no local do evento no início da tarde, com tempo para a passagem de som e tudo o mais - acrescenta. - Mas não é incomum se fazer até 1 mil quilômetros. Nesses casos, é preciso viajar à noite, logo depois do show anterior. Não é o ideal para ninguém, nem para o artista, nem para os responsáveis pelo seu transporte.

Hirata aponta que, se a indútria do disco voltasse a ser lucrativa, seria possível estar menos exposto ao risco:

- Se o disco desse mais retorno que o show, os artistas caprichariam mais na produção artística e poderiam passar menos tempo dedicados ao palco.


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