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Luto

Shana Müller: "Hasta siempre, comandante!"

Apresentadora do Galpão Crioulo homenageia o colega de tradicionalismo e televisão

25/06/2015 - 12h07min

Atualizada em: 25/06/2015 - 12h07min


Emílio Pedroso / Agencia RBS

Como ser gaúcho e não acordar aos domingos com aquele "Bom dia"? Tão particular, tão nosso e, ao mesmo tempo, de todas as querências. Como pensar na tradição, na música, na arte do sul do Brasil sem perceber e entender o papel fundamental que um gaúcho do Alegrete teve ao mostrar na televisão que o amor à terra e que ser gaúcho são sentimentos que ultrapassam as fronteiras? Como não se emocionar com seus versos, como não ler suas pesquisas ou ouvir suas palavras para entender melhor o lugar que vivemos?

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Com muita tristeza e emoção, escrevo essas palavras de despedida ao Antonio Augusto Fagundes que, por tanto amor que tinha e recebia da família, principalmente de seus sobrinhos, passamos todos a chamar de "Tio Nico". Confesso: difícil tentar resumir esse sentimento de perda. Melhor é o caminho de compartilhar a alegria da convivência com a figura e com seus ensinamentos, com a generosidade do abraço, do incentivo e da partilha de tanto conhecimento.

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Nico Fagundes transportou nas manhãs de domingo um "galpão" para dentro das casas das pessoas e fez disso uma nova tradição na televisão brasileira. De todas as suas profissões e de seu legado, creio que esse papel deva ser enfatizado. Por 30 anos nos despertou mostrando que o Galpão Crioulo, dos fundos de campo, da fronteira, da serra, do litoral, da região central, do sul do estado e de Santa Catarina, desconhecido até para muitos, podia ser a casa de cada um de nós. Bastava cevar um mate e permitir a emoção tomar conta com os acordes de canções, de tantos músicos que apresentou, lançou e ajudou a construir suas carreiras.

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A verdade é que o Nico não apenas nos mostrou a tradição, se tornou parte dela. A cultura gaúcha deve muito a uma vida inteira de dedicação. Nico nos ensinou o sentido da palavra "querência": o lugar de cada um, a casa, o nosso lugar. E que, onde houvesse um gaúcho, lá estaria o Rio Grande do Sul. E a inspiração? A terra que amou desde guri e que todos também aprendemos a amar, fazendo dela a terra de todos. Afinal, onde ficaria o Alegrete sem o seu canto de amor, gauchesco e brasileiro?

Sobre a partida, seus versos sempre falaram de eternidade, da perenidade de sua existência. Cantei, ao lado do Ernesto, num tango (ah, como lhe tocava a música Argentina…): "Se eu morrer, me tapa os olhos, com a aba do meu chapéu. Quero guardar esse beijo, como se guarda um troféu".

O Galpão Crioulo, sua eterna casa, começa com seus versos: "Eu sei que não vou morrer, porque de mim vai ficar, o mundo que eu construí, o meu Rio Grande, o meu lar. Campeando as próprias origens, qualquer guri vai achar."

Tu nos ajudaste a encontrar nossas origens, Antonio Augusto Fagundes! Teu legado e tua memória serão eternos em cada gurizito de bombacha, em cada prendinha de vestido, no lenço branco da tua família, no amor de tua Anita, na descendência de teus filhos, na memória da tua querência. Teu Rio Grande há de ficar e tu permanecer em cada um de nós.

Os acordes das canções, o verde do chimarrão e até mesmo o cheiro do churrasco de cada domingo sempre trarão tua lembrança, gaúcho de todas as querências!
Uma boa cavalgada e hasta siempre, comandante!

Cantora e apresentadora do Galpão Crioulo


A vida de Nico, em fotos:


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