Porto Alegre



Água salgada

Por problemas na leitura de hidrômetros, cobrança da água chega a R$ 190 mil em Porto Alegre

Após terceirização do serviço pelo Dmae, contas com valores incorretos preocupam consumidores

29/07/2015 - 03h16min

Atualizada em: 29/07/2015 - 03h16min


Erik Farina
Erik Farina
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Marcelo Oliveira / Agencia RBS
Jeferson Sampaio Caju deparou com uma conta de R$ 3,4 mil em fevereiro

Recolher a conta d´agua na caixa do correio se tornou uma experiência tempestuosa para parte dos porto-alegrenses. Valores estratosféricos, que chegam a R$ 190 mil (o suficiente para construir um poço artesiano industrial), saltos bruscos em valores mensais e problemas de leitura têm inundado os clientes do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) de dúvidas e preocupação.

Desde o início do ano, uma média de 2,5 mil reclamações têm chegado aos postos de atendimento do órgão todo mês - mais do que o dobro da média de 2014.

Uma delas é de Jeferson Sampaio Mandicaju, 29 anos, morador da Aberta dos Morros, que secou a garganta ao se deparar com uma fatura superior a R$ 3,4 mil em fevereiro.

- Levei um susto. Achava que era algum débito antigo. Quando reclamei, o Dmae reviu na hora e revisou a conta para R$ 80 - resume.

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Casos assim geralmente ocorrem por que o pessoal que faz a leitura de hidrômetros se equivoca ao anotar o volume de água consumido no mês, ou troca a localização do registro entre vizinhos de condomínio, trazendo distorções na conta.

Os problemas começaram após a terceirização do procedimento de leitura, em janeiro deste ano. O Dmae redistribuiu os leitores próprios em funções administrativas e delegou a tarefa à Adalma Zeladoria - a mesma que faz a leitura para a CEEE -, vencedora de licitação feita pela prefeitura.
- Antes era um rapaz que fazia a leitura, nos chamava para ajudar a ver o registro.
Depois, passou a haver uma alternância. Acho que isso trouxe confusão - conta o morador do bairro Glória José Carlos Militão, contemplado por um boleto de R$ 190 mil, também revisto pelo Dmae logo em seguida.

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Novatos no serviço, os 35 leitores empregados da Adalma tiveram dificuldade em localizar hidrômetros nas residências, conforme fontes ouvidas pela reportagem. Só em janeiro deste ano, uma a cada sete contas tinha algum tipo de erro, conforme o próprio Dmae.


Órgão cortou o pagamento de empresa terceirizada

A persistência no problema levou a prefeitura a cortar pela metade o pagamento à Adalma em abril - o contrato prevê descontos conforme o número de falhas.
- No início, realmente houve problemas. Mas consideramos que atualmente a situação está normalizada, pois o índice de reclamação está em 0,93% do total de contas - afirma Antonio de Oliveira, diretor-geral do Dmae.

Ele considera aceitável o número de queixas em junho (2.195, ante 1.040 em junho de 2014), pois as leituras também cresceram - atualmente, menos de 11% das contas são calculadas conforme a média de meses anteriores (as demais são efetivamente fruto de leitura), ante um histórico de 40%.

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A Adalma admite que o número de reclamações ficou acima do esperado no início do trabalho, em especial em janeiro e fevereiro. Conforme o coordenador Marcelo Mendonça, houve rotatividade de funcionários, que exigiu novas rodadas de treinamento.
- A performance tem melhorado a cada mês. Temos recebido a ajuda do Dmae para fazer o treinamento, e já tivemos melhoria - diz.


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