Joinville



Viagem mais segura

Trecho da Serra Dona Francisca onde ocorreu acidente com ônibus de turismo passa por melhorias

Placas de contagem regressiva foram instaladas a cada curva fechada

17/07/2015 - 07h23min

Atualizada em: 17/07/2015 - 07h23min


Claudia Baartsch / Especial
Setas para orientar os motoristas foram cravadas no ponto em que ocorreu o acidente

A paisagem é a mesma, mas o cenário onde um ônibus de turismo deixou 51 pessoas mortas ao despencar na ribanceira de uma das curvas da rodovia SC-418, no trecho da Serra Dona Francisca, em Joinville, passou por adaptações que podem deixar o trajeto mais seguro para quem viaja na região.

O acidente, confirmado como a quarta maior tragédia automobilística da história brasileira, completou quatro meses nesta semana. Quando ficou desgovernado por causa do superaquecimento dos freios, o ônibus da empresa Costa & Mar Turismo avançou sobre o guardrail na curva, destruiu a estrutura e caiu no fundo da vegetação.

Todas as proteções metálicas do percurso considerado mais crítico foram substituídas após o desastre com o veículo. Nas laterais da pista, também foram cravadas placas com setas direcionais para servir de referência aos motoristas nas partes sinuosas, principalmente nos momentos de neblina intensa.

Outro alerta que não havia na época do acidente são as placas de contagem regressiva a cada curva fechada, instaladas recentemente. Houve ainda reforço nas indicações de redução de velocidade e uso do freio-motor. A vegetação já ameaça encobrir algumas placas, um problema recorrente na Serra Dona Francisca, o que exigirá maior esforço de manutenção agora que a sinalização é mais presente.

Os chamados tachões (olhos de gato) e tachinhas (tartarugas) também já são percebidos em maior número pelos motoristas. Melhorias importantes, segundo o comandante da Polícia Rodoviária Estadual na Serra, sargento Sandro Ludovico Moecke, mas pouco eficazes em casos de imprudência.

- As pessoas continuam ultrapassando em local indevido, muitos caminhoneiros não usam freio-motor. Se perde o controle, o guardrail sozinho não segura. A estrada está bonita, toda iluminada, com melhor sinalização. Foi feito um excelente trabalho, mas podemos afirmar que, em cerca de 90% dos casos de acidente, o problema não é da sinalização, mas exclusivamente do condutor - alerta.

De uma a duas vezes por semana, reforça o comandante, a Polícia Rodoviária tem feito abordagens exclusivas a caminhões com cargas perigosas - acidentes recentes reforçaram o alerta para o risco de contaminação dos rios. Quando há irregularidade, o veículo é barrado.

A exemplo de outras rodovias estaduais, a SC-418 está com a fiscalização eletrônica desativada por causa de entraves judiciais na contratação de radares em todo o Estado.

Serviços ainda estão pendentes

Reforço na iluminação, com a troca de postes quebrados e lâmpadas queimadas, além da poda de árvores à beira da pista, estão na lista de providências a serem tomadas pelo Departamento Estadual da Infraestrutura (Deinfra) na SC-418.

O superintendente do órgão na região Norte, Ademir Machado, diz que aguarda apenas a liberação de verbas do Estado para autorizar os trabalhos. A expectativa é de que os reparos na iluminação e as roçadas sejam feitos até setembro.

A hipótese de se implantar as chamadas áreas de escape, planejadas para forçar a desaceleração de veículos desgovernados em trechos de descida acentuada nas rodovias, como existe na BR-376, está descartada pelo Deinfra. O setor de engenharia do órgão avalia que as curvas da Serra Dona Francisca são muito estreitas para a implantação da rota alternativa.

Inquérito criminal será arquivado

O inquérito criminal sobre a tragédia ocorrida em março será arquivado pela Justiça em Joinville. Como os laudos apontaram a responsabilidade do motorista do ônibus no acidente, e ele morreu, tanto o Ministério Público quanto o juiz Décio Menna de Araújo Filho entenderam que não há motivos para a continuidade.

Os laudos da investigação mostraram que o condutor não usou o freio-motor, procedimento indicado para veículos pesados na descida da Serra Dona Francisca.

O ônibus passou pelo trecho onde ocorreu o acidente a 90 km/h - velocidade três vezes superior à indicada pela sinalização - e bateu no fundo da ribanceira a 120 km/h.

O arquivamento do inquérito criminal não anula o direito de os sobreviventes e familiares das vítimas buscarem indenizações judicialmente.


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