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Reação do funcionalismo

Indignados com depósito de R$ 600, servidores estaduais vão endurecer paralisação

Brigada Militar promete aquartelamento a partir de terça-feira

30/08/2015 - 15h46min

Atualizada em: 30/08/2015 - 15h46min


Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Segurança pública voltará a ser afetada, como na última paralisação de três dias, iniciada em 19 de agosto (foto)

Diante do depósito de apenas R$ 600 nas contas dos funcionários estaduais previsto para a próxima segunda-feira, conforme extratos bancários já verificados, os servidores prometem endurecer a paralisação de quatro dias, que começa amanhã, e não descartam uma greve mais prolongada. Na terça-feira, os soldados da Brigada Militar devem ficar aquartelados, o que afetaria serviços como ônibus e bancos, que temem pela segurança de seus trabalhadores sem o policiamento ostensivo.

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- Convocamos as mulheres dos brigadianos a impedir a circulação de viaturas e pretendemos que nenhum PM saia dos quarteis. É um problema grave, há servidores que necessitam pagar pensão alimentícia e podem até ser presos por causa disso. Tem muita gente querendo o aquartelamento já na segunda-feira - diz Leonel Lucas, presidente da Abamf, que representa os soldados da corporação.

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A indignação também existe no alto escalão. Apesar de não aderirem à greve, os oficiais da Brigada garantem que não farão nada além de suas atribuições. Se os agentes penitenciários cruzarem os braços, por exemplo, não serão substituídos por brigadianos nos presídios.

- Não invadiremos competência de outras instituições. É ilegal essa decisão do governo (de parcelar salários). Trata-se de uma opção que o governador adotou para aumentar impostos e privatizar. Isso tudo até os nossos servidores mais simples compreenderam. Daqui a pouco teremos um contingente indo para a rua de barba e cabelo compridos, pois nem dinheiro para fazer a barba nós temos - afirma o coronel Marcelo Frota, da Associação dos Oficiais da Brigada Militar (Asofbm). 

A Associação dos Delegados de Polícia do RS divulgou uma nota reafirmando o apoio a paralisação já anunciada dos agentes policiais. A organização afirma que a partir desta segunda-feira, ocorrências passíveis de registro pela delegacia on-line não serão mais registradas nas Delegacias de Polícia. Também não serão realizadas ações e operações policiais até a data da integralização do subsídio referente ao mês de agosto.

- A gente entende a crise mas é um desrespeito total como as coisas estão acontecendo. É uma ausência de diálogo e transparência porque não sabemos quanto e quando vamos o receber o resto do pagamento - afirma a presidente do ASDEP Nadine Anflor.

   Reproduções de extratos de servidores enviados para Zero Hora.

Escolas fechadas e serviços essenciais na saúde

No primeiro dia de manifestação, o Movimento Unificado dos Servidores Públicos do Estado fará uma assembleia para discutir o aprofundamento da mobilização. Além disso, as lideranças sindicais darão uma entrevista coletiva para explicar à sociedade os motivos da greve. A presidente do Cpers/Sindicato, Helenir Schürer, garantiu na sexta-feira que as escolas estarão com as portas fechadas de segunda a quinta-feira.

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De acordo com o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Estado (Sindsepe), Cláudio Augustin, as instituições estaduais de saúde irão aderir ao movimento, mantendo os serviços essenciais. Segundo ele, o Piratini monta uma estratégia de "caos":

- É tudo montado para um caos. Isso justificaria o aumento de impostos e a privatização de parte do serviço público. Estamos estudando o descumprimento do governo da ordem judicial do Supremo Tribunal Federal (STF) para o pagamento integral de salários e ampliando os atos para a retirada do conjunto de projetos enviados à Assembleia que nos prejudica.

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Caso o aquartelamento da BM se confirme, o departamento jurídico do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários) deve ingressar com ação cautelar solicitando à Justiça que proíba a abertura de agências bancárias em função da insegurança gerada pela falta de policiamento. No início do mês passado, o sindicato havia tomado a mesma atitude e teve acolhimento do seu pedido.

Já os ônibus podem parar de circular se os sindicalistas entenderem que há riscos para os funcionários e passageiros. O vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários, Sandro Abbade, disse que, a princípio, a decisão se mantém a mesma da primeira greve:

- Vamos aguardar o que acontece nas ruas para tomar alguma decisão agora. É claro que, se ocorrerem problemas, iremos discutir isso de uma forma mais ampla, incluindo setores do comércio - argumentou.

Em visita à Expointer no sábado, o governador limitou-se a comentar que "os servidores merecem uma explicação, mas hoje (sábado) o assunto é Expointer".

* Zero Hora


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