Economia



Ainda vai piorar

Para economistas, segundo trimestre não foi o fundo do poço

Mercado de trabalho mais fraco e crise chegando ao setor de serviços são algumas das razões

28/08/2015 - 09h22min

Atualizada em: 28/08/2015 - 09h22min


Caio Cigana
Enviar E-mail
divulgação / divulgação
A retração vai continuar no terceiro trimestre e há grande chance de ainda persistir até o fim do ano

Mesmo que nos próximos trimestres o país não volte a amargar uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) na magnitude da divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o fundo do poço para economia ainda não chegou. A retração vai continuar no terceiro trimestre e há grande chance de ainda persistir até o fim do ano.

Prévia da inflação é a mais alta para agosto desde 2004, aponta IBGE
Afetada pela crise, fábrica de Canoas demite um terço dos funcionários

Nas projeções do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) e da consultoria LCA, a atividade ainda vai cair 0,3% entre julho e setembro na comparação com os três meses imediatamente anteriores. Para a MCM Consultores Associados e a GO Associados, o tombo será maior, de 1%.

- O mercado de trabalho segue dando sinais de desaquecimento, com impacta nos serviços, assim como no comércio varejista, que tem caído, o que não se via em outros anos. A agricultura, por questão de sazonalidade, também contribui negativamente - avalia o economista Leandro Padulla, especialista em PIB da MCM Associados, que projeta redução de 2,4% do PIB em 2015.

Entenda o que é recessão técnica
Analistas projetam quando o Brasil será capaz de superar a crise econômica

A pesquisadora Silvia Matos, do Ibre, lembra que, além de atividades que já estavam claudicantes, como a indústria, agora outros segmentos da economia ajudam a aprofundar o quadro recessivo.

- A retração da economia é forte e está se espalhando para outros setores. O setor de serviços, que é o de maior peso no PIB, aprofundou a desaceleração - diz Silvia, lembrando que inflação alta e crédito escasso ajudaram na contração.



O economista Alexandre Andrade, da GO Associados, vê a diminuição do consumo das famílias - motor do crescimento brasileiro no período mais recente de bonança - como principal freio da economia no curto prazo.

- De forma conjugada, a piora acelerada do mercado de trabalho, de crédito e inflação, que corrói a renda, fez cair a confiança dos consumidores - diz Andrade, que espera queda de 2% do PIB neste ano.

PIB por setores no 2º trimestre | Create infographics

Mais otimista do quarteto, o economista Fernando Sampaio, sócio-diretor da LCA, acredita que, após queda de 0,3% no PIB do terceiro trimestre, é possível uma pálida alta de 0,1% entre outubro e dezembro. Seria um número positivo, mas nada a comemorar.

- Chegaremos no fundo do poço no terceiro trimestre, mas continuaremos nele no quarto - resume.

Gasto das famílias pode ter pior ano em décadas

Entenda o que é PIB e qual a sua importância

Sampaio avalia que a reação da economia pode começar a ser puxada pelas exportações. O problema, ressalta, é que as incertezas políticas, até agora, limitam o potencial efeito favorável do câmbio para quem quer vender para o Exterior.


MAIS SOBRE

Últimas Notícias