Notícias



Em seis anos

Pelo menos 30 pessoas morreram no RS em acidentes envolvendo a ambulancioterapia

Caso mais grave foi em março de 2009, quando oito pessoas perderam a vida após o micro-ônibus

29/08/2015 - 12h03min

Atualizada em: 29/08/2015 - 12h03min


Mateus Bruxel / Agencia RBS
Prefeituras confirmam que, se há assento livre, permitem pessoas com consultas particulares a irem nos veículos, porque custo da viagem não muda

Nos últimos seis anos, pelo menos 30 pessoas morreram no Rio Grande do Sul em acidentes envolvendo a ambulancioterapia. O caso mais grave foi em março de 2009, quando oito pessoas perderam a vida após o micro-ônibus - que levava pacientes de Sobradinho para Porto Alegre - bater em caminhões na RSC-287, em Venâncio Aires. Conforme levantamento feito por ZH, foram nove acidentes entre 2009 e 2015. O mais recente ocorreu em abril deste ano, em Uruguaiana, e resultou na morte de três pessoas.

Veículos destinados à saúde pública levam passageiros irregularmente
Uso irregular de ambulâncias está na mira de auditores

A necessidade de percorrer grandes distâncias e a jornada exaustiva contribuem com as estatísticas. Dos 12 motoristas com os quais a reportagem conversou, 11 (ou 92%) disseram considerar o trabalho cansativo ou estressante. Além disso, boa parte relatou que acaba tendo uma quilometragem extra na Capital por transportar passageiros que têm consultas particulares ou convênios, pois as instituições não são as mesmas onde os pacientes do SUS costumam ficar.

Em média, esses motoristas viajam quase que diariamente mais de 300 quilômetros, considerando o deslocamento entre o município de origem e Porto Alegre (ida e volta). Dois dos 12 condutores, com cerca de 10 anos de experiência, disseram já ter sofrido um acidente, mas sem gravidade.

Os profissionais também reclamam de sobrecarga. No dia 29 de julho, mesmo após jornada de mais de 12 horas, o motorista de um município da Serra, depois de retornar, ficaria de sobreaviso até as 7h30min do dia seguinte, pois estava escalado para o plantão da ambulância.

- É bastante cansativo. Há dias que é preciso ficar 24 horas à disposição da prefeitura - reclama.

Rodoviárias apontam concorrência desleal

O descontrole na ambulancioterapia seria um agravante para a crise enfrentada por rodoviárias. A avaliação é do Sindicato das Agências e Estações Rodoviárias no Rio Grande do Sul. Segundo o presidente da entidade, Jorge Aita, os desvios envolvendo o transporte oferecido pelas prefeituras estariam colaborando com a queda no número de passageiros.

- As rodoviárias menores são as mais prejudicadas e correm o risco de fechar - alerta.

Saúde pública tem um médico para cada mil habitantes, aponta estudo
Falta de repasse a municípios paralisa serviços de saúde pública no Estado Hospitais que atendem pelo SUS agonizam no Estado

Depois de encolher quase 14% entre 2005 e 2013, a quantidade de passageiros transportados voltou a subir, alcançando 65,8 milhões no ano passado. O número é, inclusive, superior ao registrado há 10 anos (61,9 milhões), conforme o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). O novo fôlego, na prática, não tem impedido o fechamento de rodoviárias. Após 34 anos em funcionamento, a estação de Guaporé, endividada e com baixo faturamento, cerrou as portas em julho. O advogado Rui Schulz, que tinha a concessão, contou que vinha vendendo cerca de 200 passagens por dia, enquanto que há uma década eram 650. Segundo ele, a ambulancioterapia "é um elemento a mais na crise".

Permissionário de rodoviárias em Três de Maio e Palmeira das Missões, Hélio de Carli afirma que "a concorrência das prefeituras é desigual e injusta". O movimento nas estações dos dois municípios caiu pela metade em um intervalo 15 anos. O empresário diz que a ambulancioterapia seria o principal problema enfrentado atualmente.


 



 


MAIS SOBRE

Últimas Notícias