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Crime brutal

Quem é o casal suspeito de matar fotógrafo em Canoas

A Justiça decretou, a pedido da polícia, a prisão de Paula Caroline Ferreira Rodrigues e Juliano Biron da Silva, que estão foragidos

19/08/2015 - 19h08min

Atualizada em: 19/08/2015 - 19h08min


Reprodução / Polícia Civil

Um plano macabro arquitetado por um suspeito de tráfico e a mulher dele resultou no assassinato do fotógrafo José Gustavo Bertuol Gargioni, 22 anos, no mês passado, em Canoas. A conclusão é da Delegacia de Homicídios e Desaparecidos (DHD). Conforme a DHD, Juliano Biron da Silva, 32 anos, e Paula Caroline Ferreira Rodrigues, 21, teriam atraído Gargioni para uma cilada, com objetivo de matá-lo, simplesmente porque ele tinha se tornado amigo de Paula, provocando revolta em Biron.

O fotógrafo teria sofrido tortura psicológica por cerca de 30 minutos e sido agredido a coronhadas no cabeça antes de morrer, alvejado com 19 tiros de pistola. Ele não saberia das relações da mulher com Biron, um assaltante que migrou para o submundo das drogas, considerado um dos mais atuantes distribuidores de entorpecentes na Região Metropolitana, onde também seria sócio oculto de uma rede de lanchonetes. Paula, que aos 15 anos, em 2010, foi eleita Garota Verão em Nova Santa Rita, pertence a uma família com antecedentes policiais. A mãe e uma irmã dela teriam ligações com outros traficantes e já foram presas.

Casal planejou assassinato de fotógrafo em Canoas, diz polícia

Com prisão decretada pela Justiça, Biron e Paula estão foragidos. Há suspeitas de que se refugiaram no Paraguai, onde ele manteria conexão com fornecedores de cocaína e crack. A polícia procura o casal para elucidar os detalhes do crime e esclarecer se Paula foi obrigada a participar da emboscada e quem disparou os tiros.

A polícia chegou aos nomes dos suspeitos após 20 dias de intenso trabalho no qual foram ouvidas 115 pessoas - 23 em depoimentos formais - analisadas 300 horas de gravações de 80 câmeras de vigilâncias, além da obtenção de quebras de sigilo telefônico e acesso a conteúdo de redes sociais e a 17 exames periciais.

Conforme apurou a polícia, Gargioni e Paula teriam se conhecido no começo do ano, possivelmente, em um evento fotografado por ele. Como era popular em Canoas, Gargioni tinha dezenas de amigas. Paula seria mais uma, não chamando atenção de familiares dele.

Os dois trocavam mensagens via Facebook, sendo que Paula usava um perfil masculino, de um parente dela. Se apresentaria como homem para evitar ser identificada por outras pessoas.



Conforme o delegado Marco Antônio Guns, titular da DHD, Biron e Paula, em 27 de julho, decidiram matar o fotógrafo e para isso vigiaram ele até as 15h daquele dia. Cerca de uma hora e meia depois, Paula, via Facebook, iniciou contatos para um encontro à noite e pediu o número do celular dele.

Fizeram tiro ao alvo, diz delegado

Por volta da meia-noite, o fotógrafo deixou uma academia de ginástica no bairro Igara, perto de onde morava, para encontrar Paula. Estacionou seu Clio vermelho em um posto de combustíveis, junto à BR-116. Em seguida, os dois voltaram a se falar e remarcam o local: no cruzamento das ruas Itu e Guarani, um lugar mais escuro.

Paula dirigia um Kia Soul branco com teto vermelho _ veículo fabricado entre 2010 e 2012 ainda não encontrado e cujas placas são desconhecidas pela polícia. Gargioni estacionou o Clio e embarcou no Kia ao lado de Paula sem desconfiar de nada. Conforme o delegado, Biron estaria escondido no banco traseiro e é possível que estivesse junto uma terceira pessoa.


Fotógrafo foi morto em julho
Foto: Reprodução/Facebook

Assim que entrou, o fotógrafo não atendeu mais ao celular. O Kia seguiu até a BR-386, depois para BR-448, e por fim pegou um desvio em direção à Praia de Paquetá, junto ao Rio dos Sinos, no bairro Mato Grande. Levou cerca de 30 minutos para percorrer o trecho que, em velocidade máxima permitida, seria em 12 minutos.

- Ele era uma pessoa do bem. Não sabia do risco que estava correndo. Quando percebeu que seria morto, em um instinto de sobrevivência, atirou-se do carro - afirmou o delegado Guns.

Corpo de fotógrafo assassinado é enterrado em Canoas

Ao se jogar no chão, Gargioni machucou a perna direita e foi ferido com três tiros pelas costas. Segundo relatório pericial, o fotógrafo foi arrastado para uma poça de água e atingido por mais 16 disparos.

- Fizeram tiro ao alvo com o corpo. Crueldade - lamentou o delegado.
Procurados por Zero Hora, familiares de Gargioni evitaram dar entrevista.

 
Câmeras de segurança flagraram veículo usado no crime
Foto: Reprodução


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