Porto Alegre



Intervenção urbana

FOTO: Estátua do Laçador amanhece com prancha de surfe

Prancha anexada ao monumento foi retirada do local por volta das 8h

10/09/2015 - 07h27min

Atualizada em: 10/09/2015 - 07h27min


Lucas Zuch / Divulgação

O Monumento ao Laçador, em Porto Alegre, amanheceu com uma curiosa intervenção na manhã desta quinta-feira. Sob o braço da estátua, foi anexada uma prancha de surfe com as palavras "avante surf criollo" na frente, e frases como "me levem pra Cidreira" no verso.

Foto: Laçador, em Porto Alegre, ganha nova iluminação

Para o coordenador da Memória Cultural, vinculada à Secretaria de Cultura, Luiz Antônio Custódio, o ato pareceu mais uma intervenção urbana que um caso de vandalismo, quando os monumentos são danificados:

- O que nós temos em Porto Alegre é vandalismo puro, com retiradas de pedaços ou pichações. Esse tipo de comportamento não me parece que tenha sido na mesma linha. É uma manifestação. Mas eu não entendi - disse Custódio.

 
Foto: Felipe Daroit

A ação, promovida por um grupo de amigos, tinha por objetivo aproveitar a proximidade da Semana Farroupilha para mostrar que o surfe também faz parte da cultura gaúcha. O grupo anexou a prancha ao Laçador, feita de isopor, por volta das 6h.

- Nossa cultura não precisa ficar presa ao tradicionalismo. O surfe também faz parte da cultura gaúcha - defendeu o empresário Lucas Zuch, 26 anos.

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Eduardo Linhares, ou "Taura Cura" como se define o presidente da Associação El Surf Criollo, pediu desculpas ao prefeito José Fortunati por ter colocado a prancha no monumento. Em entrevista ao Timeline Gaúcha, da Rádio Gaúcha, na manhã desta quinta-feira, ele afirmou que sua ideia era "dar risada" e que o ato não passou de uma brincadeira:

- Eu passava por ali e via o louco muito triste. A gente sempre acreditou que o surfe faz as pessoas felizes. A ideia também surgiu para divulgar o nosso movimento do surfe crioulo, um esporte novo, em que somos puxados por um cavalo - disse.

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Fortunati discorda da ação. Ele disse que a atitude apresenta um grande risco aos monumentos da Capital:

- Não gostei. Imagina se todo dia alguém resolve ir aos monumentos afixar coisas. Tenho experiência negativa no Paço Municipal, quando a Fonte Talavera foi destruída por um indivíduo em um protesto.

Por volta das 8h, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) efetuou a retirada do objeto. A preocupação da Memória Cultural, segundo Custódio, é com a preservação física dos monumentos. 

- Não queremos dar uma dimensão tão grande para isso. Tem coisa muito pior, na Redenção, por exemplo, onde há coisas quebradas, dano ao patrimônio. Os motivos das intervenções nos monumentos são diversos, mas quem padece são eles, que nem sempre podem ser consertados ou recuperados - avalia.

Vídeo no YouTube promove "surf criollo"

Sócio da produtora de vídeo Surfari, Lucas explica que as palavras escritas na prancha fazem referência a um vídeo produzido em 2014 para promover o "surf criollo", modalidade "bagual" do esporte, criada na estância da família de um dos amigos, em Uruguaiana.

Nessa versão, praticada em um açude, um cavalo puxa a prancha com o gaudério em cima. O vídeo tem mais de 23 mil visualizações no YouTube. Assista:

A "xirú model", como a prancha foi chamada pelo grupo, foi produzida em uma tarde, pelo administrador Paulo Linhares. O grupo lamentou a retirada precoce do objeto, cerca de duas horas após a instalação:

- A gente cuidou para não danificar a estátua. Gostamos bastante dela, não teria sentido fazer qualquer intervenção que prejudicasse - explica.


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