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"Bienal do Mercosul terá obras de 20 países e sete exposições", diz o curador-chefe Gaudêncio Fidelis

Leia entrevista com o curador-chefe da 10ª edição e declaração do presidente da Fundação Bienal do Mercosul diante da crise que saiu dos bastidores e ganhou repercussão na Internet

13/10/2015 - 13h30min

Atualizada em: 13/10/2015 - 13h30min


Francisco Dalcol
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Diego Vara / Agencia RBS
Gaudêncio Fidelis, curador-chefe da 10ª Bienal do Mercosul

Diante da crise que saiu dos bastidores da 10ª Bienal do Mercosul e ganhou espaço em sites e redes sociais após o desligamento de curadores e manifestações de artistas, o curador-chefe desta edição, Gaudêncio Fidelis, concedeu entrevista a ZH. Ele não comentou a repercussão, mas afirmou que as sete exposições previstas estão confirmadas para serem apresentadas de 23 de outubro a 6 de dezembro, em Porto Alegre (leia abaixo).

E o presidente da Fundação Bienal do Mercosul, o empresário José Antonio Fernandes Martins, reiterou o esforço para realização do evento em meio à crise:

- Lamentamos muito abrir mão de determinadas obras inicialmente selecionadas para a 10ª Bienal, mas optamos por readequar o projeto e viabilizar sua execução porque temos convicção de que conseguir executar uma mostra como a Bienal em um contexto de recessão econômica que tem afetado diretamente a área cultural, inclusive gerando o cancelamento de eventos históricos do Estado, já é, por si só, um ato de superação e demonstra todo o nosso respeito à comunidade, artistas, emprestadores e parceiros.

Com recursos captados por leis de incentivo federal, estadual e patrocínio direto, a 10ª Bienal do Mercosul deve ter orçamento final de R$ 7,5 milhões. Esse valor foi atualizado: a previsão inicial era de R$ 12,5 milhões, depois reduzida para R$ 6,5 milhões.

De 23 de outubro a 6 de dezembro, estão previstas sete exposições distribuídas por Usina do Gasômetro, Margs, Santander Cultural, Instituto Ling, Centro Cultural CEEE Erico Verissimo e Memorial do Rio Grande do Sul.

Com o título Mensagens de uma Nova América, esta edição deverá ter, segundo a Fundação Bienal do Mercosul, cerca de 650 obras, com a participação de 20 países: Brasil, Chile, Paraguai, Cuba, México, Uruguai, Argentina, Colômbia, Venezuela, Bolívia, Equador, Guatemala, Peru, Costa Rica, Panamá, Nicarágua, El Salvador, Porto Rico, Jamaica e Honduras. É uma listagem que atualiza a que foi divulgada em julho.

Em comunicado oficial, a Fundação Bienal do Mercosul diz:

"O processo de redimensionamento da mostra tem levado tempo porque a Fundação Bienal do Mercosul tem buscado identificar e garantir recursos complementares para viabilizar a vinda do maior número de obras previstas do projeto curatorial.

A instituição lamenta o desligamento de três curadores da equipe, o que transformou esta fase final em um desafio extra para a conclusão do projeto e a realização da exposição em um período tão próximo a sua abertura.

Esta Bienal esta sendo realizada desde o início com um caráter fortemente museológico, portanto, se de um lado lidar com limitações orçamentárias resultou na retirada de obras de coleções estrangeiras, por outro, já se havía decidido pela inclusão de obras de artistas da América Latina pertencentes a coleções nacionais e que poderiam garantir a estrutura conceitual da exposição. Para além disso, com o intuito de garantir a inclusão de obras de artistas cujas obras pertenciam a coleções estrangeiras, o que se foi um impeditivo em virtude do orçamento, optou-se ampliar o conjunto de obras produzidas em Porto Alegre."<?xml:namespace prefix = "o" ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

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Entrevista: Gaudêncio Fidelis, curador-chefe da 10ª Bienal do Mercosul

O que o senhor tem a comentar sobre a repercussão do desligamento dos curadores e das manifestações em sites e redes sociais?
Não há comentários adicionais por parte da curadoria, apenas que os desligamentos foram de caráter voluntário.

Por que as saídas dos curadores não foram divulgadas?
Porque os curadores divulgaram seu desligamento primeiro, antes que fossem tomados os procedimentos internos da Fundação Bienal do Mercosul para efetivação dos desligamentos e posterior comunicação à imprensa.

Segundo os curadores que se desligaram, a Bienal reduziu o número de obras vindas de outros países das Américas Central e do Sul, para apresentar, em sua maior parte, trabalhos que estão no Brasil. Essa mudança, segundo eles, afetaria a participação de uma série de artistas já selecionados.
A 10ª Bienal do Mercosul continua com a participação de 20 países e inúmeras obras de artistas estrangeiros. A Bienal se divide em obras feitas em Porto Alegre e outras transportadas dos países, pois se trata de uma exposição com um vasto substrato histórico e obras específicas. Não foi possível transportar algumas obras por razões diversas, na seguinte ordem: subida vertiginosa do dólar, que tornou o transporte de alguns países impossível; problemas de logística, pela falta de rotas de aeronaves de cargo; exclusividade de transporte de alguns países que possuem apenas uma transportadora de arte, tornando o envio extremamente caro; e a não confirmação de alguns empréstimos por problemas de leis de patrimônio.

A lista de artistas divulgada em julho trazia mais de 400 nomes, representados por cerca de 700 obras. Essa relação se mantém ou foi alterada?
Esta lista está sendo atualizada e será divulgada à imprensa antes da abertura, pois estamos trabalhando com alguns artistas para ajustar sua participação.

Houve alterações nas sete exposições originalmente previstas?
Todas as sete exposições permanecem conforme o projeto curatorial anunciado em julho.

A Casa de Cultura Mario Quintana e o Museu Julio de Castilhos chegaram a ser anunciados como espaços que receberiam exposições, mas não receberão mais. Por que a mudança?
Todos os espaços expositivos permanecem conforme o fechamento do projeto curatorial, ou seja, quando adequamos as sete exposições aos espaços na medida em que tal tomava forma. Ainda no ano passado, como é de praxe. Havíamos solicitado mais espaços porque havia projetos especiais, mas que os curadores há alguns meses já haviam decidido não realizar. O Museu Julio de Castilhos e a Casa de Cultura Mario Quintana estavam sendo cotados para sediarem esse tipo de projetos.

Não há uma avaliação de que faltou transparência nos processos decisórios e de divulgação de informações tendo em conta um evento tão importante que naturalmente passa pelo processo de crise econômica que atinge todos os setores?
Sob a perspectiva da curadoria, esta é uma exposição de arte, não devemos esquecer-nos disso. Trata-se de um processo artístico e curatorial, e não de outra natureza. Portanto, não se trata aqui de questões de "transparência". Estamos seguindo todos os procedimentos rotineiros de curadoria na construção de uma exposição que, por ser desta envergadura, se mostra extremante complexa. Nessa perspectiva, a prioridade junto à arena pública deve ser para a exposição de seu conteúdo artístico exclusivamente.

 


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