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Volkswagen admite mais irregularidades, suspende vendas nos EUA e tem nota rebaixada

Agência de classificação Moody's reduziu a nota da empresa alemã alegando que fraude no sistema de emissão de gases deixam reputação da companhia em risco

14/10/2015 - 14h06min

Atualizada em: 14/10/2015 - 14h06min


Adriana Franciosi / Agencia RBS

Após o escândalo da manipulação das emissões poluentes dos motores a diesel, a Volkswagen admitiu esta semana novas mentiras, intensificando a crise na montadora alemã, que teve a nota rebaixada pela Moody's, e gerando nova queda expressiva na bolsa de valores.

Com suas 12 marcas e 600 mil funcionários no mundo, a VW reconheceu, na quarta-feira, novas "irregularidades" no controle de emissões de gases de outros 800 mil carros em todo o planeta - incluídos, pela primeira vez, cerca de 98 mil veículos com o motor a gasolina, segundo o ministro alemão dos Transportes, Alexander Dobrindt.

A Moody's explicou o rebaixamento alegando que sua reputação e seus ganhos estão em risco com as crescentes denúncias envolvendo a adulterações de dados poluentes dos motores a diesel. Segundo a agência, o escândalo "coloca em risco a reputação da Volkswagen, o futuro das vendas e as receitas".

O governo alemão considerou "sérias" essas novas revelações e lembrou ao grupo sobre o seu dever de esclarecer as informações de forma "transparente e completa". A Comissão Europeia pediu ao grupo que acelere sua investigação interna. Ao mesmo tempo, a sanção foi imediata nesta quarta-feira na Bolsa de Frankfurt, onde a ação da VW perdeu valor até atingir uma queda de 9,50% no fechamento, a 100,45 euros, com uma desvalorização de aproximadamente 40% em seis semanas.

Concretamente, veículos da marca VW, Skoda, Audi e Seat, com motores a diesel e a gasolina, emitem mais CO2 - determinante no aquecimento global - do que promete a Volkswagen. O jornal alemão FAZ, que cita documentos internos dos serviços que se ocupam dessas "irregularidades", deu como exemplo o modelo Golf Blue Motion da VW, que emitiria mais de 100 gramas de CO2 por quilômetro, em vez dos 90 g/km prometidos pela fabricante. A tecnologia "Blue Motion" deve supostamente garantir que esses veículos são particularmente respeitosos com o meio ambiente.

O 'teto' imposto pelas normas europeias é de 130 g/km, e deve baixar progressivamente até 2020 a 95 g/km. 

- Não é surpreendente que as emissões de CO2 nos transportes se mantenham elevadas (...) se somente em teoria os automóveis são cada vez mais limpos - reagiu nesta sexta-feira o Greenpeace, que denuncia as "mentiras do setor automobilístico".

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Suspensão de vendas

A Volkswagen e sua marca Audi suspenderam a venda de automóveis a diesel nos Estados Unidos, após novas acusações por parte das autoridades no caso de carros equipados com motores adulterados. A decisão de suspender a venda desses carros, tanto novos como usados, foi tomada um dia depois de a Porsche, outra marca de luxo do grupo, ter feito o mesmo com os Cayenne a diesel.

Neste caso, os automóveis cuja venda será suspensa são: Audi A6, Audi A7 e Audi A8 e A8L, modelos de 2014 e 2016, informou à AFP um porta-voz da empresa. Os 4X4 Q5 e Q7 também estão implicados. A Volkswagen deixará de vender a SUV Touareg 2014-2016, segundo a porta-voz. Touareg e Porsche Cayenne são modelos construídos na mesma plataforma. Essas decisões também afetam veículos usados de modelos de 2013.

- Decidimos incluir os modelos que não foram questionados pela EPA porque eles são equipados com um motor idêntico ao instalado nos veículos apontados (pela agência) - disse à AFP Bradley Sterz, porta-voz da Audi.

A "nova mentira" da Volkswagen foi descoberta graças a uma investigação interna no grupo, onde o novo presidente, Matthias Müller, prometeu uma absoluta transparência. A Volkswagen, que presume um volume de negócios anual de 200 bilhões de euros, confessou em setembro que equipou 11 milhões de carros em todo o mundo com um software capaz de falsificar os resultados dos testes antipoluição.

Todos esses veículos devem agora sofrer um recall para ficarem adequados às normas, o que custará bilhões de dólares à Volkswagen. O grupo deve ainda enfrentar sanções  financeiras, e será objeto de vários processos por parte de clientes e de acionistas, que perderam muito dinheiro pela queda no valor das ações VW desde o início do escândalo.

- Uma estimativa inicial coloca o risco financeiro do novo caso em dois bilhões de euros - afirmou a Volkswagen em comunicado.

As revelações sobre o CO2 só chegaram um dia depois de a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) ter acusado o grupo alemão de violar as normas também com motores a diesel de três litros das marcas de luxo Audi e Porsche, e não só em motores menores, como se sabia até agora.

A Volkswagen desmentiu a instalação nesses casos de um programa fraudulento, mas, como comentou o editorial do FAZ, "quem mente uma vez deixa de ser confiável". Outro problema para o grupo alemão é que Müller, que assumiu em meio ao escândalo, era antes presidente da Porsche e "deve ter tido conhecimento do problema, embora isso ainda esteja por ser demonstrado", disse o analista.

- Tudo isso causa um dano, é algo muito desagradável. Agora tudo deve ser posto sobre a mesa - comentou nesta quarta-feira no Handelsblatt Stephan Weil, o chefe de governo do Estado da Baixa Saxônia, que é acionista da Volkswagen e membro do Conselho de Vigilância.

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* AFP


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