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Operação Lava-Jato

Cerveró diz que Collor recebeu propina de banqueiro preso nesta quarta

De acordo com a delação premiada do ex-diretor da Petrobras, o valor seria referente a um contrato de embandeiramento de 120 postos de combustíveis em São Paulo

25/11/2015 - 18h01min

Atualizada em: 25/11/2015 - 18h01min


Sheyla Leal / Agência Senado

O nome do senador Fernando Collor de Mello (PBT-AL) foi citado na delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, como revelam documentos liberadores pela Justiça nesta quarta-feira. Cerveró disse que o ex-presidente da República recebeu propina do banqueiro André Esteves, presidente do BTG Pactual, para contrato de embandeiramento de 120 postos de combustíveis em São Paulo, que pertenciam ao banco e a um grupo empresarial denominado Santiago.

Esteves foi preso nesta quarta-feira junto com o senador Delcídio Amaral (PT-MS), líder do governo no Senado; com o chefe do gabinete do petista, Diogo Ferreira; e o advogado de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro. Eles são suspeitos de tentar destruir provas, atrapalhar as investigações da Lava-Jato e propor a fuga de Cerveró do país em troca de silêncio, no caso dele obter um habeas corpus. Além disso, o banqueiro obteve a cópia da delação do ex-diretor da Petrobras, de dentro da cadeia em Curitiba (PR) - fato considerado de alta gravidade pelo Ministério Público Federal.

Filho de Cerveró acertou gravação com Procuradoria-Geral da República (PGR)

No pedido de prisão encaminhado ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, explica como apareceu o nome de Collor nessa nova fase da operação, que investiga um esquema bilionário de corrupção na Petrobras e outras empresas. Ao contrário de Delcídio Amaral, Collor não teve um pedido de prisão expedido contra ele porque não há flagrante - essa é a única possibilidade de autorizar a prisão de um senador.

"Convém lembrar que nos Anexos 1, 6 e 10 do acordo de colaboração premiada, Nestor Cerveró narra a prática de crimes de corrupção passiva por Delcídio Amaral, no contexto da aquisição de sondas pela Petrobras S/A e da aquisição da Refinaria de Pasadena, nos EUA, também efetuada pela Petrobras S/A; descreve, ainda, a prática de crime de corrupção ativa por André Esteves, por meio do Banco BTG Pactual, consistente no pagamento de vantagem indevida ao Senador Fernando Collor, no âmbito de contrato de embandeiramento de 120 postos de combustíveis em São Paulo, que pertenciam conjuntamente ao Banco BTG Pactual e a grupo empresarial denominado Grupo Santiago", aponta Janot.

Delcídio Amaral propôs fuga de Cerveró para o Paraguai; leia os diálogos

De acordo com o procurador-geral, o objetivo de André Esteves, além do enriquecimento ilícito - como demonstrado na relação com Collor - , era preservar sua posição influente e evitar que o nome do BTG Pactual fosse envolvido nas investigações da Lava-Jato. Para isso, ele financiaria o que fosse necessário, inclusive a fuga de Cerveró do país.

O acordo para a saída do ex-diretor da Petrobras, segundo gravações entregues pelo filho de Cerveró à Procuradoria-Geral da República, seria dissimulado sob a aparência de um contrato de prestação de serviços de advocacia entre o advogado Edson Ribeiro e Esteves e/ou o Banco BTG Pactual. Ribeiro receberia o valor e repassaria os recursos para a família de Cerveró aos poucos. Os suspeitos já conversavam sobre as rotas utilizadas, sendo que o país de destino deveria ser a Espanha, já que Cerveró tem nacionalidade espanhola.



* Zero Hora


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