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O campeão

Em casa e com a corda toda, Cássio festeja conquista do Brasileirão

Goleiro do Corinthians esteve em Veranópolis após o título nacional e falou sobre o momento especial da carreira

28/11/2015 - 15h04min

Atualizada em: 28/11/2015 - 15h04min


Luís Henrique Benfica
Luís Henrique Benfica
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Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

Foi para a mãe, Maria de Lourdes, que Cássio reservou os abraços mais emocionados após o hexa do Corinthians, conquistado há uma semana. Na segunda-feira, o goleiro trocou as comemorações cheias de badalação de São Paulo pela calma de Veranópolis, a cidade em que nasceu em 1987. Na serra gaúcha, recuperou as energias ao lado de quem considera a heroína de sua vida. Mãe solteira, Maria de Lourdes superou dificuldades financeiras para criá-lo. Hoje, também cuida do neto Felipe, de um ano e três meses, filho de Cássio. Os tempos, claro, agora são outros, e o menino não enfrenta as mesmas privações do pai.

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- Nunca passei fome, mas também não podíamos escolher o que comer. Era só o básico. Devo tudo a minha mãe e ao meu tio, João Carlos. São muito especiais para mim - agradeceu Cássio, em contato telefônico com Zero Hora.

Outros heróis surgiriam nos anos seguintes. Como não conviveu com o pai, Cássio buscou referências nos profissionais que cruzaram seu caminho. Um deles foi Mano Menezes, que, em 2008, já havia recomendado sua contratação ao Corinthians. Mas ninguém foi mais importante para seu crescimento como homem e jogador do que Tite.

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- Sou suspeito para falar pelo enorme carinho que tenho por ele. É um paizão no sentido de cobrar quando precisa dar uma dura. É um cara muito honesto - declarou-se.

Cássio ao lado de Tite, com quem viveu seus melhores momentos na carreira
Foto: Porthus Júnior/Agência RBS

A saída de Veranópolis foi aos 13 anos. Descoberto na várzea por Bibiano Pontes, ex-zagueiro do Inter na década de 70, o goleiro foi levado para testes no núcleo do Grêmio em Canoas. Pontes ainda tentou desviá-lo para o Inter, mas o Grêmio o segurou. No primeiro ano de júnior, em 2006, Cássio virou profissional junto com Marcelo Grohe, com quem moraria junto. Foram poucas chances para atuar. Na maior delas, contra o Fluminense, em Volta Redonda, deu um chutão que o argentino Herrera aproveitou para marcar o gol da vitória.

A falta de oportunidades no Grêmio não impediu que, ainda em 2006, fosse convocado por Dunga para dois amistosos da Seleção Brasileira, contra Chile e Gana, na vaga de Helton, cortado. O técnico havia gostado de seu desempenho no sul-americano sub-20, no Paraguai.

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No início de 2007, chamado para o mundial sub-20, Cássio ficou fora da Libertadores que o Grêmio perderia para o Boca Juniors. Mas despertou o interesse do holandês PSV, que o contratou na metade daquele ano e o utilizou quase sempre no time B. Passou ainda pelo Sparta, também da Holanda, e, no final de 2011, desembarcou para o destino glorioso no Corinthians.

A opção por comemorar em Veranópolis também revela o espírito discreto. Cássio, que mora sozinho em Alphaville e dificilmente frequenta shoppings, não gosta de ostentar.

- Aqui, não consigo andar muito nas ruas. Frequento alguns restaurantes em que o proprietário me oferece alguma privacidade. Prefiro receber os amigos em casa - contou.

Goleiro voltou a ser convocado para a Seleção
Foto: Nelson Almeida/AFP

Dias atrás, num dos raros momentos de auto louvação, definiu-se como o melhor goleiro brasileiro. Disse que seu raciocínio obedecia a uma lógica. Se a melhor defesa do Brasileirão é do Corinthians, o melhor camisa 1 só poderia ser ele. E é isso que o leva a acreditar que poderá virar titular da Seleção Brasileira. Nesse caso, lembra que a disputa será caseira.

- Grêmio e Inter são grandes escolas de goleiros. Tenho Marcelo Grohe como irmão. Alisson é um cara sensacional - elogiou.

Cássio não planeja seu futuro em São Paulo após encerrada a carreira. Orientado pela advogada Mariju Maciel, em quem diz "confiar de olhos fechados", investe em imóveis em Porto Alegre. Também pensa em Caxias do Sul como uma cidade para viver depois de largar a bola.

Aos 28 anos, o goleiro pode se orgulhar de ter obtido conquistas que faltam a muitos profissionais, como Libertadores e Mundial de Clubes. E confessa:

- Sempre tive o sonho de ser jogador. Mas, nem nos meus melhores sonhos imaginei conseguir tudo o que consegui.

É essa história vitoriosa que, no futuro, ele pretende contar para o pequeno Felipe.

- Ele vai poder ver os feitos do pai nas imagens. Mas não vou forçá-lo a ser jogador. Prefiro que estude - disse.

*ZHESPORTES


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