Porto Alegre



Do Facebook para a rua

Publicitário que convocou boicote aos taxistas já trabalhou para o Uber em São Paulo

Marcio Callage afirma que página criada no Facebook nada tem a ver com interesses da empresa

30/11/2015 - 20h49min

Atualizada em: 30/11/2015 - 20h49min


Paulo Germano
Paulo Germano
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Reprodução / Facebook

Idealizador do boicote aos táxis marcado para esta terça-feira em Porto Alegre, o publicitário Márcio Callage já trabalhou para o Uber: a agência da qual ele é sócio desenvolveu um anúncio para a empresa americana no início de outubro, em São Paulo.

Mas a iniciativa de pedir à população que evite os taxistas por um dia, segundo Callage, nada tem a ver com sua atuação profissional ou com os interesses da multinacional. O publicitário gaúcho, que mora em São Paulo, afirma que não há qualquer envolvimento dele ou de sua agência nas ações do Uber em Porto Alegre.

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Sócio-diretor da Pereira & O'Dell, Callage afirma ter criado o evento no Facebook para estimular os bons taxistas a pressionarem a minoria violenta infiltrada na categoria. Ele reconhece, agora, ter sido impulsivo: "Penso hoje que os bons vão pagar pelos maus, e isso me incomoda, de fato", diz o publicitário em nota que escreveu a ZH após ter sido procurado pelo jornal.

Mais de 59 mil pessoas já confirmaram no Facebook participação no boicote aos taxistas previsto para terça-feira. Será um protesto contra as agressões sofridas pelo motorista do Uber Bráulio Escobar, espancado por taxistas na semana passada.

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Leia a íntegra da nota de Marcio Callage:

"Eu sempre fui um entusiasta da nova economia. Para ouvir música, adotei o Spotify. Quando vou viajar, alugo casas pelo Airbnb. Uso o Whatsapp ao invés do SMS da operadora. Vivo nas redes sociais. A revolução digital trouxe novas empresas que criaram serviços que facilitam nossas vidas. Com a UBER não foi diferente. É mais uma opção para o transporte no mundo.

Esse meu entusiasmo e visão acabou me dando, inclusive, a oportunidade de fazer um trabalho para a UBER em São Paulo. Publicamos na Folha de SP e no Estadão uma carta-aberta para o prefeito Haddad, abrindo um diálogo transparente, com os motivos pelos quais a UBER acreditava que a prefeitura de SP deveria criar uma regulamentação para ela. Compartilhei este projeto nas minhas redes sociais, inclusive, deixando claro meu apoio à regulamentação.

Entretanto, esse meu envolvimento em nada tem a ver com o evento que criei na semana passada propondo um boicote ao táxi em Porto Alegre no dia 1º de dezembro. Não é um evento pró-Uber, e sim contra a violência. Minha ideia: encontrar uma forma de fazer os bons taxistas pressionarem a minoria violenta para que nunca mais façam isso, para que eles não manchem a imagem da categoria. Deixo claro, na descrição do evento, que a concorrência deve acontecer na qualidade do serviço prestado, e não na porrada.

Fico assustado com o fato de que algumas pessoas publicaram posts dizendo que eu teria segundos interesses com o boicote ou, pior, que a ação violenta fazia parte de uma estratégia minha com a UBER. Até porque, se fosse essa a intenção maquiavélica de favorecer a UBER, eu JAMAIS criaria um evento/boicote com meu próprio nome. E mais: me chama atenção alguém achar que a violência covarde e desmedida não é motivo suficiente para a ação. Algo desproporcional e que nós, como sociedade, deveríamos, sim, nos unir para combater sempre que pudermos.

Foi uma atitude impulsiva? Sim. Pacífica, mas reativa na proporção do tamanho da violência. Penso hoje que os bons vão pagar pelos maus, e isso me incomoda, de fato. Talvez pudesse ter proposto um outro tipo de manifestação, mas não fiz. Me arrependo por isso, porque eu nunca generalizei a classe. Tanto que sou e vou continuar sendo um usuário do serviço de táxi."

 


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