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Operação Gol Contra

"Se pratica desvios, tem de pagar a conta", diz presidente da Assembleia sobre Jardel

Deputado Edson Brum afirma que Legislativo tem aprimorado os sistemas de controle e que o caso do ex-jogador envolve problema de conduta

30/11/2015 - 11h19min

Atualizada em: 30/11/2015 - 11h19min


Adriana Irion
Adriana Irion
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Adriana Irion / Agência RBS
Brum (C) preferiu não comentar sobre as suspeitas que envolvem o nome de Jardel

O presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Edson Brum (PMDB), afirmou nesta segunda-feira que as suspeitas de corrupção contra o deputado Mário Jardel (PSD) são um problema de conduta do parlamentar e não refletem o comportamento da Casa.

Batizada de Gol Contra, uma operação do Ministério Público devassa a rotina de trabalho de Jardel e, em dois meses de apuração, tendo o ex-jogador como principal investigado, apurou indícios de crimes como concussão, peculato, falsidade documental, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Também é investigado o financiamento ao tráfico de drogas com dinheiro público desviado do parlamento.

- A Assembleia tem aprimorado os sistemas de controle. O problema é de conduta. A maioria das pessoas trabalha muito, com muita honestidade e responsabilidade. Se alguém pratica desvios, tem de pagar a conta - afirmou Brum.

O presidente da Assembleia já encaminhou o caso para a Corregedoria e Comissão de Ética da Casa. A Procuradoria da AL analisa a decisão de suspensão de Jardel, conforme pedido feito pelo Ministério Público. Brum disse que não entrará no mérito das suspeitas contra o parlamentar:

- Isso é problema da Corregedoria e da Comissão de Ética. Não tenho condições de discutir o mérito do assunto.

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A partir dos indícios coletados na Operação Gol Contra, o MP obteve na Justiça a ordem de afastamento de Jardel das funções parlamentares por 180 dias. A medida de suspensão do exercício da função pública foi uma alternativa a um pedido de prisão temporária, já que parlamentar só poderia ser preso por crime inafiançável, segundo o MP. Tudo seria feito sob o comando de Jardel, 42 anos, que teve o telefone interceptado com autorização judicial. Outras oito pessoas também tiveram os telefones grampeados.

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Em abril, Jardel já havia se envolvido em polêmica ao demitir todo o seu gabinete e se afastar da Assembleia. Na manhã desta segunda-feira, estão sendo cumpridas buscas no gabinete e na casa de Jardel, na casa do chefe de gabinete, Roger Antônio Foresta, e em endereços de funcionários fantasmas, que receberiam salário do parlamento sem trabalhar, além de emprestar os nomes para outros desvios.

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Há indícios de que Jardel exigiria percentuais dos salários dos funcionários de seu gabinete e da bancada do PSD e fraudaria diárias de viagem e valores de indenização veicular, além de manter funcionários fantasmas no gabinete. Com o esquema, ele lucraria entre R$ 30 mil e R$ 50 mil mensais. Até o aluguel do apartamento em que vivem a mãe e um irmão do jogador seria pago com dinheiro extorquido dos funcionários.

Na investigação consta uma gravação em vídeo feita dentro do gabinete em que aparecem funcionários contando e guardando maços de dinheiro. Segundo o MP, as imagens registraram justamente o dia em que o recolhimento de dinheiro dos servidores foi feito, no mês de novembro. Um funcionário tenta entregar a sua parte diretamente ao deputado, que não pega, mandando repassar ao chefe de gabinete, Roger. Ele seria o responsável por ficar com a soma total e, supostamente, entregar a Jardel.

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Além disso, foram identificados na apuração pelo menos quatro casos de funcionários fantasmas: uma empregada da família trazida de Fortaleza, terra natal de Jardel, a esposa de um homem identificado como fornecedor de drogas para Jardel (anos atrás, o então jogador assumiu publicamente o vício em cocaína, chegando a dizer que estava curado), outra mulher amiga do deputado e um advogado.


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