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Balboa is back

Filme que marca a volta do personagem Rocky, "Creed" é irregular

Longa traz Sylvester Stallone no célebre personagem, que retorna para ser treinador do filho de Apollo Creed

14/01/2016 - 16h01min

Atualizada em: 14/01/2016 - 16h01min


Daniel Feix
Daniel Feix
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Warner / Divulgação
Stallone e Michael B. Jordan em Creed

Os spin-offs, ou derivados, são cada vez mais comuns no cinema e na televisão, em suas mais diversas formas - sequências, prequels etc. Creed - Nascido para Lutar, estreia da semana nos cinemas, enquadra-se em uma subcategoria não muito honrosa dessa onda, a dos filmes que repetem tanto o original que quase podem ser chamados de remakes.

Só não é exatamente o caso porque seu protagonista não é o Rocky Balboa da série à qual dá sequência, e sim Adonis, filho de Apollo Creed, o célebre adversário do boxeador vivido por Sylvester Stallone nos primeiros filmes da franquia. A trajetória que ele percorre, no entanto, lembra demais a de Rocky em seus primórdios, especialmente naquilo que constitui a própria essência do longa original (de 1976): a ideia de que vencer no ringue não é tão importante quanto incorporar o espírito de superação e entendimento proporcionado pelo esporte.

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Adonis (Michael B. Jordan) não conheceu o pai, que morreu em uma luta de Rocky IV (1985). Sua relação com a figura do velho famoso não é bem resolvida, de modo que ele inicia a carreira de boxeador usando o sobrenome da mãe - Johnson. As coisas começam a mudar, nesse sentido, quando ele vai ao encontro do próprio Balboa (Sylvester Stallone, indicado ao Oscar e vencedor do Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante pelo papel). E o convence a ser seu treinador.

 
Rocky Balboa ao lado de Apollo Creed

O diretor e roteirista Ryan Coogler (de Fruitvale Station) fez de Creed um filme-homenagem escancarado. Seu Rocky é um sujeito durão, mas sensível, que ri das próprias idiossincrasias e diverte o público com seu deslocamento social - prefere anotar as séries de exercícios com papel e caneta e olha para o céu perguntando "Onde?" quando Adonis diz que o uso do celular para esse propósito é confiável "porque os arquivos ficam salvos em uma nuvem".

Sim, Creed pode ser bem divertido. Dois pontos altos do filme são as duas principais sequências de combate, particularmente a primeira delas, rodada a base de longos planos-sequência com a câmera próxima dos lutadores, o que lhe confere um caráter de realismo bastante impressionante.

A partir dali, quando Creed poderia engrenar, no entanto, as curvas dramáticas dos personagens se aproximam demasiadamente dos clichês dos longas do gênero. É Adonis, mas poderia não apenas ser Rocky, e sim qualquer outro homem "salvo pelo esporte". Do meio para o fim, com o personagem de Stallone ganhando espaço na trama, o tradicional apelo à emoção, além de óbvio, exige demais do veterano fortão - e escancara suas limitações dramáticas.

Creed é irregular, mas deve satisfazer muitos espectadores. Só não tem a força das boas fábulas de heroísmo - caso, por exemplo, do filme que reverencia.

Creed - Nascido para Lutar
De Ryan Coogler
Drama, EUA, 2015, 134min.
Cotação: regular.


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