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Reviravolta

Mãe acusa padrasto de envolvimento no sumiço de criança em São Francisco de Paula

Homem disse estar sendo vítima de uma mentira

26/01/2016 - 21h13min

Atualizada em: 26/01/2016 - 21h13min


Jonas Ramos / Agencia RBS
Sheila foi encontrada em uma chácara a aproximadamente três quilômetros do ponto onde desapareceu

Uma declaração de Selma Doralina Lima Guedes, 26 anos, à reportagem da RBS TV, provocou reviravolta no caso da menina ficou desaparecida durante cinco dias em São Francisco de Paula. Selma acusou o companheiro, Edimar da Silva Leal, 42 anos, de ter dado a enteada Sheila Graciane Lima Guedes, cinco anos, para pessoas não identificadas. Até então, os dois afirmavam que a criança havia se perdido durante uma pescaria.

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Na reportagem, Selma afirmou ter sido coagida pelo homem a mentir na investigação:

- Mente. Tu não fala a verdade que eu fiz, que eu peguei e dei a guria, sabe. Só que ele não me falou para quem, sabe, em momento algum. Eu perguntei pra ele, sabe, eu perguntei pra ele, para quem ele tinha dado. Ele disse: "não vou te falar" - relatou Selma.

Leal nega as acusações:

- Ela (Selma) está inventando essa história. Ela é uma mentirosa, já contou várias versões. Eu estava ajudando a cuidar das crianças no dia da pescaria. A menina (Sheila) desapareceu enquanto eu estava pescando. Tinha crianças na beira do rio, no mato. Não vi para onde ela foi. Com essa situação, com essa acusação, agora não sei o que falar. Só se eu fosse um pessoa sem cabeça ou coração pra fazer alguma coisa assim - defende-se Leal.

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A delegada responsável pelo caso, Fernanda Seibel Aranha, adotou cautela quanto às acusações:

- Vamos trabalhar em tudo que é dito, não tenho muito a acrescentar sobre o que está sendo falado. Estamos mantendo a investigação em sigilo com base no Estatuto da Criança e do Adolescente, para poder trabalhar com tranquilidade.

Com as informações, o caso toma outro rumo. Até a tarde de segunda-feira, não havia definição sobre a situação de Sheila. A criança estava sob a responsabilidade do Conselho Tutelar. Ela havia sido transferida de São Francisco de Paula para Porto Alegre, onde passaria por exames complementares.

O promotor de Justiça, Bruno Pereira Pereira, espera por um relatório do Conselho Tutelar sobre a situação da criança e as medidas adotadas para resguardar a menina.
Também ainda não se sabe como Sheila ficou cinco dias sumida e reapareceu em uma plantação de couve a poucos quilômetros de onde foi vista pela última vez. Segundo os médicos, se ela estivesse mesmo perdida e sozinha durante todo esse tempo, sua sobrevivência dependeria de muita sorte.

A criança foi localizada pelo caseiro de uma propriedade rural no final da tarde de segunda-feira. Ela desapareceu durante uma pescaria ao lado da família, na tarde de 20 de janeiro. Polícia e bombeiros haviam suspendido as buscas no domingo por falta de pistas.

Além de ficar sem água e sem comida no período, a criança seria obrigada a caminhar em campo aberto, entrar em mata fechada, topar com bichos e atravessar um rio que corta a região. Também seria obrigada a dormir ao relento e enfrentar o calor. Detalhe: ela tinha dificuldades para caminhar.

- Impossível não é, mas é muito difícil uma criança de cinco anos sobreviver. Para um adulto, já não é fácil. Ela teria que atravessar um riacho mais profundo, com correnteza e mais volume de água, terreno acidentado, passar alguns matos com espinhos, cercas de arame, como é que ela passaria cinco noites na mata? - questiona-se o comandante dos bombeiros de São Francisco de Paula, Eron Pessoa.

A pediatra Raquel Reis Vanacor entende que somente a investigação poderá determinar se houve sorte:

- Sem comida não seria algo tão caótico, mas sem água é pior, a pessoa sobrevive menos tempo. Ela necessita mais da água do que da alimentação, pois a alimentação tem uma reserva, se a criança for bem nutrida. Vão ter que ver direito se ela conseguiu alguma fonte de água pra entender como sobreviveu - pondera a médica.


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