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Carnaval 2016

Conheça as crianças que são as apostas para o futuro do Carnaval de Porto Alegre

Dez escolas do Grupo Especial da Capital indicam crianças que desfilam pelas agremiações e vão brilhar no futuro dos desfiles no Sambódromo

06/02/2016 - 07h08min

Atualizada em: 06/02/2016 - 07h08min


Mateus Bruxel
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Mateus Bruxel / Agencia RBS

Quando pisam na Avenida, os olhos se voltam para eles. A admiração do público se dá por conta da seriedade com que desempenham funções importantes nas escolas de samba pelas quais desfilam no Grupo Especial do Carnaval de Porto Alegre.
Muitas carregam no sangue o gosto pela festa e crescem envolvidas com a cultura popular no chão dos barracões, entre alegorias, fantasias e enredos. Embora talvez nem tenham consciência, são encorajadas a nutrir este encanto porque está nas mãos delas a renovação da festa.

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Por isso, o Diário Gaúcho convidou os dirigentes das dez escolas da elite do Carnaval da Capital a indicarem suas apostas para o futuro. São meninas e meninos cujos olhos brilham ao falar de samba e os corações se agitam aos primeiros acordes da bateria.

Acadêmicos de Gravataí
Foi admirando o pai, que é ritmista da Acadêmicos de Gravataí, que Kiara Pereira Palha, oito anos, descobriu seu amor pelo Carnaval, há três anos, quando desfilou pela primeira vez.

E como a avó Sandra Maria Palha, 58 anos, é patroa do DTG onde a Acadêmicos ensaia e onde parte das fantasias das alas é confeccionada, Kiara recebeu mais um incentivo para chegar ao posto de rainha da ala Acadêmicos do Futuro, formada por 30 crianças.

- Eu sempre vi o meu pai indo na escola e comecei a gostar - conta a estudante da terceira série.

Apesar da pouca idade, Kiara já demonstra postura de rainha de bateria, posto que ela pretende ocupar quando crescer:

- Eu tenho que sorrir, sambar, cantar o samba, dar o meu melhor - explica a moradora da Morada do Vale I.

 

 
Império da Zona Norte

- Eu sempre admirei meu irmão dançando, ficava encantado vendo os passos dele. Então, decidi ser passista.

É assim que o pequeno Thaynã Gabriel Souza da Silva, nove anos, explica o começo de sua paixão no Carnaval, ao representar a Império da Zona Norte como passista mirim.

Mano do primeiro passista da escola, Yuri, 20 anos, Thaynã exibe todos os requisitos de um passista: o sorriso aberto, o ar de malandro e o samba no pé. Quando passa pela linha amarela e inicia sua apresentação no Sambódromo, ele deixa para trás a deficiência - sequela de um AVC sofrido aos dois anos de idade - e brilha como passista.

- Ele é todo malandro. O pessoal diz que ele é marrento, mas ele pode ser porque dança muito. Eu babo mesmo - derrete-se a mãe, a aposentada Cláudia Moraes Souza, 44 anos, moradora do Bairro Rubem Berta.

Parente de Antônio Ademir de Moraes, o Urso, presidente da escola, Thaynã desfila desde os seis anos. E já sonha com o futuro no Carnaval: quer ser o primeiro passista da escola.

- Quando eu desfilo, eu fico muito feliz. E cansado. Mas a gente tem que sorrir e não ficar nervoso - conta o aluno da terceira série.

Vila Isabel

 

- Eu sempre olhei as porta-estandartes e achava lindas as saias delas. E pensava: eu quero ser uma delas.

Pois neste Carnaval, a estudante do segundo ano Mayara Soares Machado, sete anos, fará sua estreia realizando esse sonho. Depois de participar do Projeto Bailado, com a professora Tatiele, porta-estandarte da Estado Maior da Restinga, e receber o convite do diretor de Carnaval da Vila Isabel para defender o estandarte da escola de Viamão, ela dará início a uma caminhada no mundo carnavalesco.

- Estou nervosa. Se tem um monte de gente me olhando, eu fico assim - revela a moradora do Bairro Humaitá, na Capital.

Mas vestida com a fantasia, rodando sua bela saia azul e amarela, nas cores da escola, e exibindo um sorriso típico de quem ama o que faz, ela representará bem o estandarte.

 
Estado Maior da Restinga

- Ela é fascinada, o sonho é ser porta-bandeira.

Assim, a auxiliar administrativa Raquel da Silva Gomes, 39 anos, mãe da porta-estandarte mirim da Estado Maior da Restinga, resume os planos da filha Grazielly Gomes Pereira, nove anos, para o futuro no Carnaval.

De família bambista, Grazielly conta que fez seu primeiro desfile aos cinco anos, e participou de um projeto relacionado à dança. Há dois anos, ela defende o estandarte da Tricolor da Zona Sul:

- Sempre quis ser estandarte, ficava vendo elas dançando e achava lindo - revela.
Hoje, Grazielly sabe como é:

- Eu me sinto muito bem (desfilando), me sinto leve, fico muito emocionada. Temos que ser alegres e sorrir - conta a moradora do Bairro Glória, que planeja seguir desfilando.

 
Unidos do Capão

Nem a distância entre a cidade onde mora há seis anos, Caxias do Sul, na Serra, e a cidade onde fica a sua escola do coração, Sapucaia do Sul, conseguiu afastar a estudante Lauryn Zilio da Silva, 12 anos, do estandarte da Unidos do Capão. Há oito anos ela sai na escola, e inclusive participou do desfile em 2009, na primeira passagem da agremiação pelo Grupo Especial.

- Para mim, é uma coisa positiva a gente se empenhar e não só desfilar, mas participar de tudo, é mais emocionante - conta Lauryn.

Mãe da jovem porta-estandarte, a bióloga Bianka Zilio, 33 anos, não mede esforços para que ela participe do Carnaval. E Lauryn conta que muito ensaio e ter o samba na ponta da linha são importantes para defender o estandarte da escola. No futuro, pretende ser a primeira porta-estandarte da agremiação.

- Eu choro sempre, é encantador - derrete-se a mãe, que já desfilou ao lado da filha.

 
Embaixadores do Ritmo

De uma família tradicional do Carnaval de Porto Alegre, Ana Luísa Barreto Giró, 11 anos, desfila há sete anos na Embaixadores do Ritmo. Apesar de revelar que às vezes bate a vontade de ir para a praia durante o feriadão de Carnaval, o sangue vem falando mais alto e ela se apresenta como porta-estandarte mirim. E, apesar da pouca idade, entende a responsabilidade que isso significa:

- Não é pouca coisa. Apesar de a família ser do Carnaval, tenho que tratar o estandarte como se fosse o meu avô (referindo-se a Gustavo Giró, que já foi presidente da escola) - compara.

Como pretende ser a futura primeira porta-estandarte da escola, de vez em quando Ana Luísa calça os sapatos e ensaia em pleno barracão.

- É uma continuação da família, passa de pai para filho. Ruim seria se eles não gostassem. Mas ela está porque quer, está no sangue - finaliza Giró.

 

União da Vila do IAPI

A pequena Antônia Farias Sodré, seis anos, também demonstra que leva no DNA o encanto pelo Carnaval. Filha do presidente da União da Vila do IAPI, Jorge Sodré, ela fez a sua estreia no Carnaval aos dois anos, no colo da mãe, a assessora comunitária Tatiane Farias, 36 anos, que também já desfilou na escola na ala de mulatas.

Neste ano, além de desfilar na IAPI, Antônia é rainha do projeto Esporte Dá Samba, que abre o desfile na noite de sábado e envolve 3 mil crianças de projetos sociais ligados à prefeitura.

- Fico muito feliz de ela gostar, querer seguir no Carnaval - conta a mãe.
Sobre o futuro, ela entrega: quer ser rainha da bateria.

- Tem que ensaiar bastante - revela Antônia, aluna do segundo ano.

 
Bambas da Orgia

De uma família apaixonada pela Imperadores do Samba, Mel Escobar, 12 anos, decidiu fazer diferente e ser porta-estandarte mirim na Bambas da Orgia. Desde os sete anos é envolvida com o Carnaval.

- Eu me sinto muito bem na escola, sou muito bem tratada, não troco por nada - conta.

Para estar por perto da filha, a analista Vanessa Escobar, 35 anos, deixou de desfilar em sua escola do coração.

- Eu abri mão da Imperadores para desfilar pelos Bambas por causa dela. Meu coração é Imperadores, mas optei por ajudar na coordenação para estar com ela - explica Vanessa.

Como pretende ser a primeira porta-estandarte da escola, ela sabe que será preciso muito empenho:

- É preciso muito amor pelo pavilhão, ensaiar muito, ter alegria e sorriso no rosto - afirma Mel, que ama as volumosas saias de armação das porta-estandartes.

E se quiser ter futuro no Carnaval, Mel sabe que precisa estudar:

- Consigo muitas coisas com a Mel por causa do Carnaval. Se não passar de ano, não desfila - diz a mãe.


Imperatriz Dona Leopoldina

 

Em 2010, ano do primeiro título da Imperatriz Dona Leopoldina, o pequeno Vinícius Santos da Costa, sete anos, desfilou no colo da mãe, a servidora pública Carla Nunes Santos, 36 anos, moradora de Viamão.

Alguns criticaram a mãe por levar um bebê tão pequeno, de pouco mais de um ano - que, inclusive, dormiu durante a apresentação da escola - para avenida. Já outros, elogiaram a família, por estar transmitindo desde cedo uma paixão que não se explica.

De lá para cá, Vinícius é uma das oito crianças da família que desfilam pela Imperatriz. Para elas, discussões sobre alas, confecção de fantasias ou feitura de alegorias são assuntos recorrentes e estar no Carnaval é algo natural.

- É muito bom desfilar - explica o menino, que é sobrinho de Maurício Nunes Santos, ex-presidente da escola e atual diretor de Carnaval.

Neste ano, ele desfilará no abre-alas. Segundo a mãe, ele leva muito a sério o desfile. Se depender das influências e da vontade do pequeno, ele seguirá os passos da família.

Imperadores do Samba

 

Aos cinco anos, Samuel Hernandes, 12 anos, desfilou pela primeira vez no Carnaval, na escola Unidos do Vale, de Gravataí, que está licenciada desde 2014. Depois, passou a sair na Acadêmicos de Gravataí. Até os sete anos, Samuel desfilou em alas e, depois, decidiu ser passista. Desde 2014, ele é o Rei Momo mirim da cidade. Neste ano, vai brilhar como passista da Imperadores do Samba.

- É uma alegria, uma diversão e uma responsabilidade - revela Samuel, que participa do projeto Eu Sou Samba, para formação de passistas.

Neto da aposentada Irma Lima Hernandes, 66 anos, presidente da Unidos do Vale, ele já tem grandes ambições para o futuro no Carnaval:

- Quero ser o primeiro passista da Imperadores - conta Samuel, que diz ter a malandragem, o estilo e o samba no pé para a função.

E a avó entrega o outro plano:

- Ser presidente da Unidos do Vale!

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