Dicas de TV
Filmes para assistir nesta segunda-feira
"Drugstore Cowboy" e o clássico "Um Corpo que Cai" estão na programação das emissoras
Estrada Real da Cachaça
De Pedro Urano. Com carreira consolidada como diretor de fotografia no novíssimo cinema nacional, Urano assinou este documentário sobre o percurso dos produtores e consumidores de cachaça. É quase uma leitura sociológica do destilado brasileiro: o filme relaciona a bebida ao contexto em que é consumida no país. Interessante. Documentário, Brasil, 2008, 98min. Curta!, 15h10min
Shrek Terceiro
(Shrek The Third) - De Chris Miller e Raman Hui. Menos inspirado que os dois primeiros filmes da franquia, narra a busca de Shrek por um novo rei para substituir o pai de Fiona, o que o leva a um primo da ogra que é desprezado por todos na escola que frequenta - algo que bem poderia ser melhor explorado. Mas vale a sessão, até porque, neste ponto do desenvolvimento dos personagens da série, é difícil não ter se afeiçoado por eles. Animação, EUA, 2007, 92min. RBS TV, 15h10min
Um Corpo que Cai
(Vertigo) - De Alfred Hitchcock. Com James Stewart e Kim Novac. Um dos grandes filmes de um dos grandes cineastas do mundo, eleito o melhor longa da história na mais recente edição da tradicional votação do British Film Institute (desbancando Cidadão Kane, que liderou a enquete ao longo de décadas), Um Corpo que Cai é uma aula de suspense psicológico sobre um detetive seguindo a mulher de um amigo - e tendo de enfrentar sua fobia de altura, já que a mulher demonstra estranha atração por locais altos. As ladeiras de San Francisco funcionam à perfeição como cenário da trama, ainda que algumas de suas sequências mais antológicas se passem em ambientes internos - para não falar de sua parte final, rodada em um mosteiro nos arredores da cidade californiana. Um dos grandes lances do filme é a reflexão sobre dupla personalidade, ou melhor, sobre as sombras que cada um tem, algo natural no comportamento social e particularmente estudado pela psiquiatria a partir da teoria do duplo vínculo. Sabe a elegância e a complexidade com a qual Hitchcock costuma dissecar a alma humana? Aqui essas características de sua obra encontram-se potencializadas. Suspense, EUA, 1958, 140min. Telecine Cult, 15h30min
Rastros de Ódio
(The Searchers) - De John Ford. Com John Wayne. Um dos grandes filmes do mestre dos westers sobre um homem branco recém-saí­do da Guerra Civil norte-americana que enfrenta dificuldades para vencer o ódio que nutre sobre os í­ndios e lidar com seus confusos códigos morais - principalmente depois do assassinato de seu irmão e de sua cunhada e do sequestro da filha deles. Um ensaio interessante sobre a complexa formação cultural dos Estados Unidos. Faroeste, EUA, 1956, 119min. Arte 1, 15h45min
Drugstore Cowboy
De Gus van Sant. Com Matt Dillon e Kelly Lynch. Eis uma rara oportunidade para ver um dos filmes que alçaram Van Sant à condição de um dos diretores mais cultuados do cinema independente norte-americano pós-John Cassavettes. O filme é de 1989 (sucede sua estreia, com Mala Noche), mas se passa no iniciozinho dos anos 1970, período pós-cultura hippie, quando um grupo de viciados em drogas diversas sobrevive assaltando farmácias. Dillon está ótimo, mais maduro do que o Rusty James que encarnou em O Selvagem da Motocicleta (1983), absolutamente bem-sucedido ao dar complexidade ao "drugstore cowboy" do título - personagem baseado na autobiografia de James Fogle. E a direção carrega uma amoralidade que faz muita falta em tantos outros títulos sobre o mesmo tema. Van Sant deixaria claro em longas posteriores, a exemplo de Elefante (2003), Paranoid Park (2007) e Inquietos (2011): a maturidade no tratamento de assuntos delicados é uma de suas marcas mais admiráveis. Drama, EUA, 1989, 102min. Telecine Cult, 1h40min
Gran Torino
De e com Clint Eastwood. O velho Clint anunciou que este seria seu último projeto como ator, o que não cumpriu, afinal, fez Curvas da Vida (2012), de seu parceiro Robert Lorenz. De todo modo, Gran Torino é "o" filme do sujeito de uma outra época e suas dificuldades para lidar com os novos tempos, estes de multiculturalismo, informalidades e noções diferentes de honra do que aquelas que ele, um militar aposentado, conhecera em sua formação. Nos EUA e na Grã-Bretanha, Gran Torino registou o maior sucesso de público entre todas as mais de 30 produções dirigidas por Eastwood. Faz sentido: é um de seus melhores filmes, ainda que não tenha o apelo de As Pontes de Madison (1995), a consagração de Menina de Ouro (2004) e o significado histórico de Os Imperdoáveis (1992). É dos mais tocantes retratos da velhice e do anacronismo de um personagem que o cinema foi capaz de produzir nos últimos anos. Drama, EUA, 2008, 116min. HBO 2, 1h45min