Política



Lula ministro

Apoiador de Dilma, prefeito de Caxias diz que presidente "entrou numa fria"

Há dez dias, Alceu Barbosa Velho foi um dos poucos a seguir a petista na entrega de condomínios populares na cidade

16/03/2016 - 17h50min

Atualizada em: 16/03/2016 - 17h50min


Jonas Ramos / Agencia RBS
Alceu (D), ao lado de Dilma e do ministro do Trabalho e da Previdência Social, Miguel Rossetto, na abertura da Festa da Uva 2016

Uma das poucas lideranças políticas a respaldar a presidente Dilma Rousseff (PT) na Serra, o prefeito de Caxias do Sul, Alceu Barbosa Velho, disse nesta quarta-feira que o anúncio de Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Casa Civil é uma "barbaridade". O pedetista, que acompanhou Dilma na entrega de apartamentos do Minha Casa, Minha Vida em Caxias há dez dias, acha que a presidente "entrou numa fria":

- Foi um erro. Lula é muito grande politicamente para ser ministro. Foi muito mais para escapar do processo (da Operação Lava-Jato) de Curitiba.

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Ex-vice prefeito do atual governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), Alceu sempre foi cobrado por eleitores e simpatizantes da coligação que levou Sartori ao Piratini por apoiar Dilma. Em 2014, por exemplo, ele participou de um almoço numa galeteria da Serra com membros do PT e foi visto ao lado da presidente. Questionado se vai adotar outra posição a partir de agora, Alceu afirmou apenas que torce "para que o país dê certo":

- É a maneira dela sobreviver, porque tendo o Lula lá, tem proteção. As pessoas acertam e erram na política. Desta vez, ela errou. Acho que entrou numa fria e se agarra no que dá para se manter na presidência. Teremos uma espécie de parlamentarismo agora.

"Poderes necessários"

Em pronunciamento na tarde desta quarta, em Brasília, Dilma falou que a nomeação de Lula para a Casa Civil será "um grande ganho" e que ele terá "os poderes necessários" para ajudar o Brasil. A petista comentou ainda que a medida vai "fortalecer" o Palácio do Planalto e auxiliar na estabilidade fiscal e controle da inflação:

- Tudo que ele puder fazer para ajudar será feito. (Lula) tem o conhecimento sobre as necessidades do país.

A presidente negou que a nomeação do padrinho político tenha sido uma tentativa de impedir as investigações da Operação Lava-Jato por oferecer foro privilegiado a Lula, que, agora, será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

- O STF é a Suprema Corte do país. Não é impedir investigação, é fazê-la em determinada instância e não em outra. Não entendo por que quando chega nesse caso criam essa hipótese. Acho que é apenas uma sombrinha, uma proteção ao fato de que a vinda do Lula para o meu governo fortalece o meu governo. E tem gente que não quer que meu governo seja fortalecido. Sinto muito - declarou Dilma.

Na defesa de Lula, ela argumentou que os critérios de investigação são "estranhos" ao ex-presidente e que ele não pode ter sua biografia "destruída":

- Temos o princípio da ficha limpa. Hoje, os critérios de investigação são extremamente estranhos ao presidente. O presidente nega que tenha triplex ou sítio. Ele sempre que foi chamado informou. Acho estranho que ele tenha sido levado coercitivamente ou que tenha sido pedida a preventiva sem base no fato que caracterize isso. Acho que o presidente Lula não é uma pessoa que pode ter sua biografia destruída dessa forma. Mostro confiança nele e no compromisso dele com práticas corretas e idôneas.


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