Vida



Saúde

USP faz teste para diagnosticar zika mesmo após fim de sintomas

Exame promete facilitar os estudos da doença e de sua possível relação com a microcefalia

18/03/2016 - 14h56min

Atualizada em: 18/03/2016 - 15h00min


Agência Estado

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) desenvolveram um teste diagnóstico do zika que vai facilitar os estudos da doença e de sua possível relação com a microcefalia. Caso a eficácia do método seja validada por outras instituições, os cientistas pretendem oferecer a técnica para a rede pública de saúde. O teste, do tipo sorológico, usa método que acusa se o paciente teve a doença mesmo após a fase aguda dos sintomas, por meio da busca dos anticorpos específicos para o vírus.

O exame foi desenvolvido por cientistas da Rede Zika, força-tarefa de especialistas criada no fim de 2015 com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Atualmente, a maior parte dos laboratórios públicos tem feito o diagnóstico da doença por meio do exame PCR, que tem a limitação de detectar o zika somente no período de sintomas. Isso impossibilita, por exemplo, que a mãe de um bebê com microcefalia saiba se foi infectada pelo vírus no primeiro trimestre da gestação.

Leia também:
Brasil registra 97 bebês com microcefalia causada por zika
Microcefalia atinge um a cada cem bebês de mães infectadas com zika vírus

– Esse teste vai ajudar a esclarecer a relação entre a infecção pelo vírus e a microcefalia, indicando quantas dessas mães tiveram a doença e se há anticorpos contra o vírus nos bebês microcefálicos. Além disso, vai nos dar uma noção do verdadeiro tamanho da epidemia e de como o vírus está se espalhando pelo país – disse à agência Fapesp Edison Luiz Durigon, um dos três pesquisadores responsáveis pelo desenvolvimento do teste.

Participaram da descoberta ainda Luís Carlos de Souza Ferreira e o coordenador da Rede Zika, Paolo Zanotto. Segundo comunicado do ICB-USP, os reagentes necessários para a realização do teste "estão em produção emergencial e serão distribuídos gratuitamente para centros de pesquisa da Rede Zika e demais laboratórios científicos do país".

O ICB informou ainda que está em negociação com o Instituto Butantã para que ele produza o kit diagnóstico em larga escala e o distribua para hospitais e bancos de sangue. O Butantã confirmou a parceria, mas disse que os detalhes do processo de produção ainda estão sendo definidos. Custo Atualmente, pacientes interessados em se submeter a um teste de anticorpos para o zika só encontram o exame na rede privada, a um custo médio de R$ 1 mil, e a análise é feita fora do País.

No mês passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu registro a dois testes sorológicos - o da empresa Euroimmun, que detecta zika, chikungunya e dengue no mesmo exame, e um teste rápido para zika, da Biocan Diagnostics. Os dois estão em processo de aquisição pelos laboratórios brasileiros.


MAIS SOBRE

Últimas Notícias