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Na busca pelo último título

Antes da Itália, Alisson foca no Hexa: "Quero ser lembrado por sempre ter honrado a camisa"

O goleiro está acertado com a Roma e trocará Porto Alegre pela Itália em 30 de junho

30/04/2016 - 08h06min

Atualizada em: 30/04/2016 - 08h08min


Amanda Munhoz
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Rafael Diverio
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As mesmas mãos que deram ao Inter a Recopa Gaúcha ao defender dois pênaltis diante do São José agora querem erguer a taça de hexacampeão gaúcho. Superar o Juventude nos próximos dois domingos, pelas finais do Gauchão, dará a Alisson o primeiro título como capitão. E último como jogador colorado. O goleiro está acertado com a Roma e trocará Porto Alegre pela Itália em 30 de junho.

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A conquista do Gauchão coroaria sua passagem vitoriosa de 14 anos no Inter, por isso Alisson trata as finais do Gauchão como uma obsessão. Não está ansioso, confidenciam amigos, e mantém intacta a rotina pesada de treinos – quase sempre em dois turnos no CT Parque Gigante, sob o comando do preparador Daniel Pavan. Mas quer, talvez da mesma intensidade em que buscava a Libertadores do ano passado – e teve de juntar os cacos de uma eliminação dolorida –, comemorar o título junto de sua torcida, no Beira-Rio, em 8 de maio.

– A semana foi de trabalho, todos tiveram o mesmo comportamento e rotina. Não é por ser uma decisão que faremos algo que nunca fizemos. Alisson continua focado e concentrado. Está preparado – garantiu Argel.

A dois meses de sua saída, o goleiro se diz focado. Demonstra, assim como garantiu o treinador, pensar mais em vencer o Juventude do que, propriamente, sobre sua vida longe do Beira-Rio. À imprensa, já falou em tom de despedida na quinta-feira, dia destinado ao capitão conceder entrevista coletiva. O olhar, por vezes, ficava distante. Parecia medir cada palavra nas respostas – talvez para evitar uma emoção maior –, mas não esquivou-se das perguntas.

– Sempre vou dar o meu melhor, independentemente de o ciclo se aproximando do fim. O Inter é o clube do meu coração, que me deu tudo, formou minha profissão e meu caráter por mais da metade da minha vida – declarou, ainda que prefira ver sua saída "como uma pausa".

A Seleção Brasileira está neste pacote que Alisson diz ter recebido do Inter. Viu suas atuações no Brasileirão do ano passado renderem a titularidade no gol do Brasil, encontrando um ídolo: Claudio André Taffarel. O ex-goleiro colorado e herói da conquista do Tetra da Seleção, assim como o camisa 1 colorado, também deixou o Inter depois de 15 anos para jogar na Itália (defendeu o Parma, em 1990). Sabe exatamente o que sente Alisson nos últimos momentos à frente do Inter. Suas histórias, porém, tomam rumos diferentes quando se enumeram títulos. Taffarel se diz em dívida com o clube do Beira-Rio.

– Me sinto em débito com o Inter, que me deu a melhor formação possível, possibilidade de chegar à Seleção e morar no Exterior. Nada aconteceria se não tivesse vivido essa ascensão no clube – lamenta o atual preparador de goleiros do Brasil, que entende a importância que terá a conquista do hexacampeonato para seu pupilo, a primeira como capitão.

E sequência de títulos colorados e braçadeira são temas comuns para o chileno Elias Figueroa, hoje com 69 anos. A última série de seis títulos do Inter data dos anos 1970 – mais precisamente em 1974. Naquele ano, já sob comando de Rubens Minelli, o time fez a melhor campanha da história do Gauchão. Foram 18 partidas e 18 vitórias. A última sobre o Grêmio, com gol de Valdomiro em rebatida do zagueiro uruguaio Ancheta.

– Tínhamos uma boa equipe, com bastante confiança. Dizíamos que na final ninguém pode ter medo – relembrou Figueroa, autor do gol do primeiro título nacional, no ano seguinte.

Ainda que não seja necessariamente um fã de ter no goleiro a braçadeira de capitão – "se tem algo no meio-campo, ele não vai sair correndo" – o chileno reconhece a importância do goleiro colorado. Vê em Alisson a liderança técnica e moral sobre os companheiros, mesmo "em espaço reduzido".

– Imagino que passe pela cabeça dele o que senti. Que o título deixaria uma boa lembrança. Por isso, deve reforçar aos colegas que são bons e que não estão ali por acaso. A hora é de mostrar que são capazes – sugere.

Alisson dá a impressão de caminhar por esta trilha. Ao menos por sua última declaração:

– Fiz o meu papel no Inter. Dei frutos, conquistei títulos. Quero ser lembrado como um jogador que sempre honrou a camisa, deu a vida em campo.

Para isso, além do já demonstrado reconhecimento, Alisson também terá a torcida de Taffarel:

– Que seja um final muito feliz, com o Inter campeão.

Alisson, que um dia foi o irmão de Muriel, agora deixará o Inter como o capitão colorado. Nos seus melhores sonhos, como o capitão do hexacampeonato.

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