FALSA REINTEGRAÇÃO DE POSSE
"Agrediram mulheres e ameaçaram crianças", diz morador que filmou crime contra advogado em Palhoça
Homem diz que foi impedido pelos PMs de socorrer Roberto Caldart
Os moradores das quitinetes que ficam no terreno onde o advogado Roberto Luís Caldart foi morto, na Barra do Aririú, em Palhoça, vão deixar o local por medo. Eles afirmam que além do assassinato, os PMs bateram em mulheres e apontaram arma para crianças pequenas.
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O delegado Marcelo Arruda diz que o mandante da falsa reintegração de posse, Rubi de Freitas, o Castelo, pode ser indiciado por homicídio e outros crimes. Ele teve a prisão decretada, mas, segundo o delegado, está foragido, junto com outro suspeito.
O vídeo mostra que Castelo estava junto no terreno. Na tarde de terça-feira, seu advogado, Osvaldo Duncke esteve na delegacia de Palhoça e negou envolvimento de seu cliente com o fato, além de afirmar que Castelo não estava no local do crime. Duncke disse também que seu cliente prestaria depoimento ainda na noite de terça-feira, o que, segundo o delegado, não ocorreu.
Cinco policiais foram presos por envolvimento com o crime. Eles estavam fora do horário de serviço, sem farda, mas armados. Sobre o possível envolvimento de um funcionário do prefeitura de Palhoça, o município informou que "não houve participação de qualquer servidor municipal neste triste episódio". A PM não divulgou nome nem histórico dos policiais envolvidos.
– Um deles, o que matou o advogado, levou nossa vizinha arrastada pelos cabelos até lá na frente (do terreno) com arma na cara do filho dela, que não tem três anos, ameaçando que iria matar ela, o menino e o marido – falou à reportagem um dos moradores, que não quis se identificar. A mulher dele conta que foi agredida com um chute também. Tudo na frente do filho de 2 anos do casal, que durante a entrevista ficava repetindo "o tio caiu, o tio caiu".
Um vídeo gravado pelos moradores mostra o momento que antecede a briga. Um dos homens aparece com uma chave. O advogado tenta recuperá-la e logo depois começa a confusão.
– Se eu te der um soco, você vai cair – ameaça.
– Se você me bater vai passar o resto da vida na cadeia – revida Caldart.
Em seguida, só se ouve mulheres pedindo para a briga parar. O morador que registrou as imagens diz que os PMs quebraram o celular dele e de outros que também filmaram. Só foi possível recuperar o vídeo pelo cartão de memória. Ele também conta que tentou socorrer Roberto Caldart e foi impedido.
– Na hora que eu fui prestar os primeiros socorros, o cara que se identificou como policial militar botou a arma na minha cara dizendo que não era para eu socorrer, que era fingimento. Eu consegui escapar e fui até ele, mas a massagem cardíaca não funcionou. Avisei que ele tinha morrido. Depois eles foram embora e não prestaram socorro – afirma.
Terreno contestado
Castelo reivindica o terreno que seria de Agostinho Raupp, que estava em Porto Alegre no dia do crime. Ele já prestou depoimento à polícia. Roberto Caldart era o advogado de Raupp.
Um dos advogados de Castelo, Leoberto Caon, informou que não há nada que possa levar o cliente dele à tragédia. Que Castelo não incentivou nem induziu ninguém a matar a vítima ou a agredir moradores. E que a defesa está requerendo um pedido de relaxamento de prisão dele. Sobre o fato de a defesa, em um primeiro momento negar que Castelo estivesse no local do crime, o advogado explicou que quis dizer que ele não teve participação no crime. Sobrevalores pagos aos PMs, a defesa não comentou.