Política



Eleições municipais

Expectativa de disputa acirrada para prefeito em Porto Alegre

Cenário na Capital é de pulverização de candidatos de correntes ideológicas semelhantes

30/05/2016 - 02h04min

Atualizada em: 30/05/2016 - 07h57min


Juliano Rodrigues
Juliano Rodrigues
Enviar E-mail

Se for confirmado o cenário que se desenha a dois meses do início das convenções que indicarão os concorrentes nas eleições, Porto Alegre deverá ter uma disputa acirrada em outubro. O fato que mais contribui para isso é a pulverização de candidatos de correntes ideológicas semelhantes, expressada na quantidade de pré-candidaturas e em divisões entre antigos aliados.

O caso mais expressivo é o provável racha entre PDT (do atual prefeito, José Fortunati), PMDB (do vice e candidato da sigla à sucessão do pedetista, Sebastião Melo) e PTB. A parceria entre as siglas vem desde 2008, quando Fortunati foi eleito vice na chapa liderada por José Fogaça (PMDB). Agora, pelo menos no primeiro turno, as três legendas deverão ter candidatos distintos.

– Nosso plano A é o Vieira da Cunha. Se ele não aceitar, o que acho difícil, o plano B é a deputada Juliana Brizola. O plano C é a coligação com o PMDB – afirma o presidente estadual do PDT, Pompeo de Mattos.

Leia mais:
Sem doação de empresas, custo de campanha poderá cair 80%
Desafio na campanha será fiscalizar o uso de caixa dois

Nas últimas semanas, Vieira tem amadurecido a ideia de concorrer e deve anunciar até quinta-feira – prazo de desincompatibilização para secretários estaduais – a decisão. Confirmando a candidatura, restará outra definição, a respeito de quem Fortunati apoiará.

A assessores e políticos, o pedetista sempre deixou claro que, apesar da perspectiva de entrada de Vieira na eleição, apoiaria o seu vice em um gesto de lealdade, mas Fortunati tem sido pressionado a manter-se neutro. Pelo lado do PTB, legenda que tem sido uma fiel escudeira do governo Fortunati, concorrerá o deputado Maurício Dziedricki.

No caso da esquerda, a intenção anunciada por líderes do PT de apoiar uma candidatura alternativa – seria a de Manuela D'Ávila (PC do B) – caiu por terra com a desistência da deputada de concorrer, alegando motivos pessoais. Os petistas também tinham vontade de se aproximar de Luciana Genro (PSOL), mas não houve entendimento. Com isso, o PT resolveu lançar Raul Pont, que chegou a declarar que estava aposentado da vida política ao concluir o mandato de deputado em 2014. Ele disputará as atenções (e votos) da esquerda com Luciana.

O mesmo pode ocorrer com a direita. Onyx Lorenzoni (DEM) está fardado para a disputa, mas pode ter de buscar o mesmo eleitorado que Marcel van Hattem (PP). Ainda estarão na corrida ao Paço os representantes dos partidos menores. Um dos que anunciou pré-candidatura foi o vereador Rodrigo Maroni (PR), que tem como bandeira a defesa dos animais.


O valor de 2016 é uma projeção de gasto que leva em conta a quantia de 2012 corrigida pela inflação no período de outubro de 2012 a abril de 2016 e a média estimada pelo MP Eleitoral de que 20% das despesas de campanha costumam ser bancadas por repasses do fundo partidário e contribuições de pessoas físicas. Os restantes 80% correspondem a doações de empresas, que passam a ser ilegais a partir deste pleito.

Principais pré-candidatos na Capital*

Danrlei (PSD)
O ex-goleiro do Grêmio e deputado federal (segundo mais votado no RS) é cotado pela sigla para concorrer ao cargo. Apesar de o PSD ter lançado a sua pré-candidatura, não está descartado – e é até provável – que o partido desista da ideia.

Luciana Genro (PSOL)
Ex-deputada federal, Luciana já se lançou na disputa e concorrerá pela segunda vez ao cargo. Na última, em 2008, ficou em quarto lugar. Aos 45 anos, tentará melhorar a performance, impulsionada pela candidatura à Presidência em 2014.

Marcel van Hattem (PP)
O jovem deputado estadual de 30 anos deve ser o candidato do PP, caso o partido não participe de coligação. Adepto de conceitos liberais, Van Hattem costuma envolver-se em polêmicas com políticos da esquerda, sindicatos e movimentos sociais.

Mauricio Dziedricki (PTB)
Após 20 anos sem lançar candidato à prefeitura, o PTB deverá ter o deputado estadual e ex-vereador de 36 anos na eleição. Dziedricki foi o vereador mais votado da Capital em 2008 e também já chefiou a Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov).

Nelson Marchezan Jr. (PSDB)
O deputado federal tucano de 45 anos deverá disputar a sua segunda eleição municipal. Em 2008, teve desempenho modesto, ficando em sexto lugar. Na eleição para a Câmara, obteve quase 120 mil votos.

Onyx Lorenzoni (DEM)
O principal líder do DEM no RS está indo para a sua quarta tentativa de conquistar a prefeitura. O deputado federal de 61 anos ficou em terceiro lugar na disputa de 2004 – seu melhor desempenho. Será uma das vozes da direita na campanha.

Raul Pont (PT)
O ex-prefeito de 72 anos deixou a aposentadoria para colocar-se à disposição do PT e foi escolhido pré-candidato. Com um forte discurso de oposição à atual gestão, tentará recolocar os petistas no Paço após 12 anos afastados da prefeitura.

Sebastião Melo (PMDB)
Atual vice-prefeito da Capital, Melo tentará dar sequência à hegemonia iniciada com a eleição de José Fogaça, em 2004, e mantida por José Fortunati. Natural de Piracanjuba, Goiás, o peemedebista de 55 anos disputará o seu primeiro pleito para o cargo.

Vieira da Cunha (PDT)
Atual secretário estadual de Educação, Vieira, 56 anos, está sendo pressionado pelo PDT a concorrer à sucessão de José Fortunati. A tendência é de que aceite. Seria a sua terceira eleição municipal. O melhor desempenho foi em 2004, ficando em quarto lugar.

*Também podem concorrer João Derly (Rede) e Rodrigo Maroni (PR).





MAIS SOBRE

Últimas Notícias