Política



Substituto de Cunha

Novo presidente da Câmara, Waldir Maranhão se reúne com deputados para "ver que caminho tomar"

Deputado conversa com líderes de partidos antes de dar qualquer declaração sobre seu novo posto no parlamento

05/05/2016 - 13h12min

Atualizada em: 05/05/2016 - 14h31min


Gustavo Foster
Gustavo Foster
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Waldir Maranhão (PP-MA) encerrou a sessão desta quinta na Câmara dos Deputados e se reuniu com parlamentares

Waldir Maranhão foi pego de surpresa ao acordar presidente da Câmara dos Deputados nesta quinta-feira. Com a suspensão do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o maranhense, que cumpre seu terceiro mandato no parlamento nacional, foi inesperadamente alçado ao posto mais alto da casa – "ninguém esperava que o Teori fosse fazer isso", disse um assessor de Maranhão. O novo presidente da Câmara deve lançar nota oficial ainda nesta quinta-feira.

A nova situação fez com que o deputado do PP suspendesse todas as atividades previstas para o dia na Câmara, chamasse colegas parlamentares à sala da presidência (a qual ele já ocupa) e discutisse as próximas atitudes no novo posto. De acordo com um assessor do deputado, o encerramento se deu devido à gravidade da situação.

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– O presidente de 513 pessoas foi afastado. Ele (Maranhão) tem que se reunir com o pessoal para ver que caminho tomar – disse o assessor.

Ao chegar à Câmara, Maranhão foi ao plenário, sentou-se na cadeira da presidência e anunciou o encerramento da sessão. O deputado deixou o plenário dizendo apenas que era preciso "aguardar" os desdobramentos da decisão do ministro Teori Zavascki. A transmissão ao vivo do plenário pela TV Câmara foi cortada, o que gerou protestos de deputados contrários à presidência de Cunha, que seguiram no plenário discursando. A "sessão informal" é presidida pela deputada Luiza Erundina (PSOL-SP), que está sentada na cadeira da presidência. Acompanham a deputada na Mesa Diretora colegas do PSOL, PT e PCdoB.

Descrito por interlocutores como um dos muitos aliados de Eduardo Cunha no Congresso, Maranhão não assume a pecha. A assessoria do deputado diz que ele não externa "nenhum posicionamento" sobre o presidente afastado – ainda que tenha sido eleito vice-presidente com o apoio do peemedebista e, em seu voto contra o impeachment da presidente Dilma, tenha se referido a Cunha como "meu presidente querido".

– Ninguém nunca viu ele tomar café com Cunha, ninguém nunca viu ele bater papo com Cunha. Ele foi eleito em uma chapa separada de Cunha. Não é aliado, não é parceiro – diz o assessor.

Investigado pela Operação Lava-Jato, o novo presidente da Câmara também não se pronuncia sobre denúncias de corrupção – segundo sua assessoria, ele está "absolutamente tranquilo". De acordo com as investigações, o doleiro Alberto Youssef, condenado por lavagem de dinheiro e investigado por outros crimes na Lava-Jato, afirmou que Waldir Maranhão foi um dos políticos do PP que receberam dinheiro por meio de uma empresa usada pelo doleiro para distribuir propina oriunda de contratos da Petrobras. O presidente interno da Câmara, contudo, ainda não se tornou réu, como Cunha.

Além da investigação da Lava-Jato, Maranhão também é alvo de outros dois inquéritos que também tramitam no STF, nos quais é acusado de crimes como lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos ou valores. O deputado do PP também traz no currículo outros questionamentos na Justiça Eleitoral. Ele teve suas contas de campanha de 2010 para deputado rejeitadas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE-MA).



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