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Comportamento

Como ensinar os filhos a enfrentar as frustrações da vida

Pais precisam enfrentar birras e caprichar no bom exemplo para que os filhos aprendam a lidar com derrotas

25/06/2016 - 06h36min

Atualizada em: 25/06/2016 - 06h37min


Logo no início da vida, a criança enfrenta situações em que nem sempre os seus desejos são atendidos, o que leva à frustração – desde a hora de mamar no seio da mãe até o momento de querer um enfeite da mesa da sala que não é brinquedo. Faz parte do desenvolvimento aprender estratégias para lidar com essa decepção, e esse é um momento em que os pais podem intervir para ajudar no desenvolvimento e na criatividade do pequeno.

Para a psicóloga Elaine Henning, de Curitiba (PR), em todas as situações da infância, a criança pode ser direcionada para o “cai-levanta” que leva à resiliência:

– Para encarar a frustração, nada melhor do que treino. Desde pequeno, se o filho caiu, tudo bem, ele vai cair mesmo. Basta dizer para limpar o joelho e continuar a brincadeira. Aprender isso depois é mais difícil, na vida adulta, as quedas são maiores.

Do limão a limonada

Pais e professores devem aproveitar as experiências de frustração das crianças para falar de superação e persistência. Quando algo não sai como esperado, é o momento de ensinar as crianças a entenderem o porquê, segundo a autora do livro Professores e Estilos de Liderança, Ana Priscila Batista, doutora em Educação e professora do curso de Psicologia da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro).

Os pais devem ajudar os filhos a encontrarem alternativas diante de um problema. Assim, a criança aprende que, quando não conseguir algo, pode tentar fazer de um jeito diferente:

– Além disso, os adultos também podem organizar o ambiente de tal modo que a criança consiga realizar algumas atividades e, assim, aprenderem que conseguem fazer, o que propicia o aprendizado da autoconfiança, uma habilidade também bastante desejada.

Autoestima em ordem

Pais não devem salientar e comparar os erros dos filhos e os acertos dos outros, isso traz a percepção de que a criança não pode se equivocar, do contrário não será aceita. Ao mesmo tempo, é importante avaliar bem as circunstâncias: se dizemos que algo é fácil, e a criança sente dificuldade, ela vai achar que tem algo de errado em si mesma e desanima.

Por outro lado, se dizemos que é difícil e ela consegue, a sensação é de superação e valorização, o que diminui a frustração dos erros. Como em qualquer aprendizado, o treino é essencial. Não se aprende a tolerar o erro acertando. É importante não privar a criança do erro totalmente e mostrar compreensão quando ela estiver chateada.

Nada de superproteção

Saber esperar para ser atendido, querer algo e não ganhar, esperar a mãe terminar de assistir seu programa antes de colocar no canal de desenhos, por exemplo, são bons exercícios para as crianças, segundo a psicóloga Yanne Gonçalves, mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná.

O problema surge quando os pais tentam evitar qualquer tipo de frustração dos filhos e, assim, não permitem que os pequenos desenvolvam habilidades essenciais para a vida adulta. Outra questão importante é que as crianças aprendem observando as pessoas que amam.

– Pais que apresentam dificuldades de lidar com as frustrações, que perdem a paciência fácil, acabam passando isso para os filhos –, alerta a especialista.

Mas o medo da superproteção não deve levar ao extremo oposto, tudo tem o seu equilíbrio e é preciso que pai e mãe entrem em um consenso de como atuar em cada situação.

Festejar as tentativas, e não só quando a criança consegue fazer algo, também é importante. Pesquisas apontaram que diante de uma demanda específica, crianças que eram elogiadas pelo seu esforço tinham um desempenho melhor do que aquelas que eram elogiadas pela sua inteligência, porque persistiam mais.


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