Alimentação
Empresas retiraram mais de 14 mil toneladas de sódio de alimentos desde 2011
A meta é reduzir 28.562 toneladas de sal do mercado brasileiro até 2020. Acordo entre Ministério da Saúde e Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação tem como próximo alvo a redução de açúcar
O Brasil reduziu, em quatro anos, mais de 14 mil toneladas de sódio de alimentos industrializados. O dado, divulgado nesta quarta-feira, é o resultado de um acordo entre o Ministério da Saúde e a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) para reduzir o teor de sódio dos alimentos no país. A Abia é responsável por 70% dos produtos alimentícios do Brasil.
Feito em 2011, o acordo entre o governo e a indústria de alimentos prevê a diminuição do sódio em 16 classes de alimentos. A mudança na formulação é feita em etapas. Na primeira fase, a redução foi feita em massas instantâneas, pães de forma e bisnaguinhas. Em uma segunda etapa, iniciada em outubro de 2011, foi a vez de salgadinhos de milho, batatas fritas, bolos, misturas para bolo, maionese, bolachas e biscoitos. A terceira etapa, assinada em 2012, contemplou temperos, caldos, cereais matinais e margarinas vegetais.
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Na última fase, iniciada em novembro de 2013, a redução tem como alvo empanados, hambúrgueres, linguiças cozidas, resfriadas e frescal, mortadelas, presuntaria, muçarela, requeijão cremoso, salsichas e sopas individuais. Esta última fase, cujos resultados devem ser apresentados até o final do ano, é considerada a de maior impacto. Sozinha, ela representa quase 50% da meta do acordo, que prevê a redução de 28.562 toneladas de sal até 2020.
Entre os produtos já contemplados pelo acordo, a maior redução de sódio foi observada nos temperos, com queda de 16,35%, seguidos pela margarina, com 7,12%. A única categoria que teve aumento na concentração de sódio foi a de caldos líquidos e em gel, de 8,84%.
Brasileiro consome mais do que o dobro de sal recomendado
De acordo com o Ministério da Saúde, os brasileiros consomem, em média, 12g de sal por dia, quantidade 2,5 vezes maior do que a recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 5g diárias. No entanto, apenas 14,9% da população se dá conta do consumo excessivo, segundo dados da pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) 2015.
Dietas com alto teor de sal são apontadas como fator de risco para o desenvolvimento de doenças como hipertensão, acidente vascular cerebral, infarto e problemas renais. Para o titular do Ministério da Saúde, Ricardo Barros, a redução da ingestão média de sódio no país deve impactar nos gastos públicos com internações e medicamentos para hipertensos.
– Observamos redução de 33% nos últimos seis anos nas internações por hipertensão. Não temos dúvidas de que já é um resultado das nossas ações de promoção à saúde, hábitos saudáveis, ampliação da assistência e redução de sal nos alimentos processados – afirmou.
Discussões para redução do açúcar já começaram
Para diminuir o consumo de açúcar entre a população brasileira, o Ministério da Saúde já iniciou discussões com a Abia. A ideia é estabelecer um acordo que terá como objetivo a redução de açúcar nos alimentos processados, usando a mesma metodologia já aplicada para a diminuição de sódio. A primeira etapa deve começar em 2017, após a análise das principais fontes de açúcar na dieta dos brasileiros.
O presidente da Abia, Edmund Kloz, assegurou o comprometimento da indústria no cumprimento dos acordos:
– Nossa preocupação é tentar fazer o possível para colaborar. Esperamos conseguir preparar, de maneira eficaz, a tecnologia para fazermos também a redução do açúcar, com o mesmo sucesso e ritmo que tivemos na redução de sódio. Não é muito fácil fazer reduções desse tipo, porque é muito difícil mudar o paladar, o gosto das pessoas. O brasileiro gosta de açúcar e sal.
Barros acredita que o maior desafio é justamente a conscientização da população. O ministro ressalta que é necessária uma mudança de hábitos para o país alcançar uma redução efetiva no consumo desses alimentos.
– As maiores quantidades de sal e açúcar são adicionadas à mesa, pelos próprios consumidores. Todo esse esforço é muito importante, mas precisamos que as pessoas colaborem e que cada um cuide dos seus hábitos – frisou Barros.
*Com agências