Solidariedade
Menino de cinco anos que luta contra um câncer recebe visita de super-herói
Capitão América Brasileiro veio de São Paulo para visitar garoto de São Leopoldo que é fã do herói
Porto Alegre foi palco de um encontro de super-heróis impensado pela ficção na quarta-feira. Representante brasileiro do líder dos Vingadores no cinema, o Capitão América em carne, osso e escudo fez uma visita surpresa a um super-herói da vida real livremente inspirado nele: o Capitão Arthur, apelido que acompanha Arthur Morlin, cinco anos, desde 2015, quando teve início sua luta contra um meduloblastoma – um tipo de tumor maligno no cérebro, mais comum em crianças.
– Antes de ser internado no hospital, ele já gostava muito dos Vingadores, mas principalmente do Capitão América. Quando voltou para casa, criamos essa brincadeira para estimulá-lo a comer melhor, dizendo que ele tinha de ficar forte para ser o Capitão Arthur – contou Susana Morlin, mãe do menino.
Na tarde de quarta-feira, no Shopping Iguatemi, na Capital, a comoção se instaurou quando, chamado por um "Agente Shield", o Capitão América Brasileiro surgiu na hambugueria onde a família almoçaria em busca do pequeno Arthur. Após o choque da chegada, quando o pequeno acompanhou calado a movimentação do visitante, o encontro foi como o de quaisquer bons amigos: a dupla comeu pastel e batata frita, tomou refrigerante e deu até uma volta de triciclo motorizado. Caracterizados os dois de heróis, eles viraram alvo de curiosos de diferentes faixas etárias, que sacaram smartphones para registrar o passeio.
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O personagem adotado por Arthur no último ano deu nome à campanha criada pela família para conseguir auxílio-financeiro para o custoso tratamento: somente em anestesia, são R$ 500 para cada sessão de radioterapia – o pequeno super-herói ainda precisa ser submetido a 19 destas. Caso sua imunidade não se mantenha boa, como já ocorreu, terá de recorrer a uma medicação ainda mais cara, de R$ 9 mil a dose. As primeiras exigiram que o pai, Élio Ribeiro da Rosa, pedisse empréstimos financeiros, o que comprometeu substancialmente a renda do casal, que tem outras duas filhas.
A história do menino ficou conhecida em maio, quando a jornalista Kamila Almeida produziu um vídeo sobre a luta da família contra a doença. A produção chegou ao conhecimento de Rogério Ferroni, empresário paulista que, desde setembro, incorpora o Capitão América Brasileiro em ações sociais e eventos. Sensibilizado com a história de Arthur e impressionado com o carinho do gauchinho pelo personagem, ele buscou o contato da família por meio da jornalista.
– Cerca de um mês atrás, recebi uma mensagem no WhatsApp: "Oi, aqui é o Capitão América!". Achei um pouco estranho, mas fiquei feliz em saber que ele tinha interesse em conhecer o Arthur – conta Susana.
Acostumado a realizar visitas a crianças com câncer em hospitais da capital paulista – onde integra um grupo de voluntários chamado Heróis do Bem –, Ferroni teve de se preparar de forma diferente para a primeira "missão especial" fora de São Paulo. Contou com a ajuda de amigos e apoiadores para arrecadar o dinheiro que pagaria passagens, estadia, alimentação, além dos brinquedos e da roupa especial que trouxe para Arthur.
– Até conheci outras crianças que gostavam do personagem, mas, como ele, nunca vi. Quando assisti ao vídeo, percebi que tinha de vir até aqui – disse o empresário, que, no último mês, tem trocado vídeos e mensagens com o pequeno.
A visita do Capitão América Brasileiro coincidiu com uma semana de boas notícias à família do menino, que vive em São Leopoldo, no Vale do Sinos. Os últimos exames indicam que a doença que o transformou em herói da própria história, um tipo agressivo de câncer cerebral, não evoluiu nos últimos meses.
Ainda assim, Arthur, que toma três medicações e um complexo vitamínico todos os dias, terá de passar por mais sessões de radioterapia, da qual teve de ficar meses afastado em função de uma baixa no número de plaquetas. Ao fim do processo, não estará livre. Precisará seguir fazendo exames periódicos e continuar com a fisioterapia para voltar a andar normalmente – um problema pós-operatório raro atingiu sua visão, fala e locomoção.
– O médico já disse que, no ano que vem, quando estiver caminhando melhor, já vai poder ir à escola. Acho que isso vai ser um estímulo para ele, para que dê tudo certo e ele possa estar curado em breve – comemora a mãe.