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Na busca por esclarecer as divergências entre as versões apresentadas pelos envolvidos no assassinato da funcionária do Salgado Filho Mineia Sant Anna Machado, 39 anos, a polícia conduziu, nesta terça-feira, os dois suspeitos para reconstituir o crime. Após mais de seis horas revisitando os locais onde a vítima foi abordada e morta ao lado dos criminosos, os policiais indicaram que o trabalho reforçou a hipótese de que ambos participaram do homicídio.

A dúvida havia surgido quando, em depoimento ao promotor, o adolescente de 16 anos (cujo nome é preservado pela legislação) mudou sua versão inicial dada para a polícia e afirmou que Jhonny Maicon Camargo, 32 anos, também teria participado do homicídio.

– Neste segundo depoimento, ele indicou a participação do outro criminoso no assassinato. Como o seu relato é mais coerente com os fatos que demonstrou hoje, reforçamos que a sua versão é a verdadeira – afirmou o delegado Cleber Ferreira, da Delegacia de Polícia para o Turista (DPTur).

Conforme Ferreira, a principal divergência entre os dois depoimentos dizia respeito à autoria do homicídio. Camargo nega que tenha participado do assassinato de Mineia:

– Continuamos acreditando que o que ocorreu foi um latrocínio (roubo com morte) com ocultação de cadáver, e acreditamos que foram os dois que praticaram o crime, pois o maior diz que foi o menor que praticou, e o menor diz que foi o maior.

A reconstituição ocorreu dez dias depois de os dois suspeitos terem rendido a vítima no estacionamento do aeroporto para roubar seu carro, um Uno bordô, ano 1996, e a terem assassinado brutalmente em uma estrada vicinal à BR-386, em Montenegro.

No início da manhã desta terça-feira, Camargo, que está recolhido na Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas, e o adolescente, que está internado na Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase), foram encaminhados ao Palácio da Polícia para apresentar, uma vez mais, suas versões dos fatos.

Por volta das 10h, foram conduzidos ao aeroporto, acompanhados de agentes da polícia civil e técnicos do Instituto Geral de Perícias (IGP), para detalhar a forma como abordaram Mineia.

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Na primeira parte da reconstituição, Camargo, acompanhado de sua advogada, apresentou à polícia e à perícia a forma como agiu ao abordar a vítima, enquanto o adolescente aguardava dentro da viatura da polícia. A seguir, foi a vez do jovem de 16 anos mostrar como se deu o início do assalto.

Os dois suspeitos forma levados, então, a Montenegro, onde o corpo da vítima foi encontrado para relatar como ela foi morta. Segundo o adolescente, ao chegarem em uma estrada vicinal à BR-386, Mineia foi obrigada a sair do Uno. Após desmaiar com um choque elétrico, teria sido golpeada com chave de fenda.

A ferramenta provavelmente pertencia à própria vítima e estava dentro do carro dela – a família confirmou ao delegado que o material servia para os finais de semana no litoral gaúcho, para onde Mineia costumava levar o filho de criação, Emanuel, de 11 anos, os pais e a irmã.

Na sequência, os dois suspeitos teriam carregado o corpo até um buraco de um terreno às margens da estrada. O cadáver não foi coberto e alguns pertences de Mineia foram jogados nas proximidades.

Conforme a advogada de Camargo, Katiuscia Machado, os dois participaram do assalto, mas somente o adolescente teria sido responsável pelo homicídio:

– Ele (Carmargo) topou realizar a ação junto com o jovem fazendo a função de motorista, já que estava precisando de dinheiro. A ideia era, inclusive, assaltar um posto de gasolina. Eles foram ao aeroporto só para conseguir um carro para cometer o delito. Camargo não concordava com o assassinato, inclusive ficou acalmando a vítima durante o percurso.

Já segundo o delegado Ferreira, um dos primeiros resultados da perícia realizada no veículo, que foi divulgado ainda na manhã de terça-feira, indicou a presença de sangue no banco traseiro do Uno:

– Isso já aponta que a vítima provavelmente foi agredida também dentro do carro, durante o percurso até Montenegro, e não somente quando chegaram no local. Teremos o resultado da necrópsia provavelmente ainda nesta semana, então teremos algumas questões mais claras.

Além das circunstâncias da morte, os investigadores pretendem confirmar o que aconteceu depois. A suspeita é de que o carro tenha sido abandonado somente no sábado e que uma terceira pessoa teria ajudado a dupla.

No último sábado, a polícia fez buscas na casa de Camargo e encontrou lacres semelhantes aos que foram usados para amarrar as mãos da vítima. A arma usada para cometer o assalto ainda não foi localizada. Os suspeitos disseram que se trata de simulacro, no entanto, a polícia segue investigando.