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Terrorismo na Europa

Estado Islâmico reivindica ataque em igreja na França

Na ação terrorista, um padre de 84 anos foi degolado e dois agressores foram mortos pela polícia 

26/07/2016 - 09h58min

Atualizada em: 26/07/2016 - 14h09min


AFP
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O grupo Estado Islâmico (EI) afirmou que o ataque realizado em uma igreja em Saint Etienne du Rouvray, no norte da França, foi executado por "dois de seus soldados", segundo a agência Amaq, o órgão de propaganda dos extremistas. No ato, um padre foi degolado e dois agressores morreram.

"Os autores do ataque responderam aos chamados para atacar os países da coalizão internacional", que luta contra o EI no Iraque e na Síria, segundo a Amaq.

O presidente da França, François Hollande, também culpou o grupo terrorista pelo ataque.

– Estamos mais uma vez enfrentando um teste, a ameaça é muito elevada. Os terroristas querem nos dividir – disse ao acrescentar que se trata "de uma guerra para ser conduzida por todas as frentes, no âmbito do respeito aos direitos.

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Durante visita ao local, o presidente francês ainda expressou aos familiares das vítimas e a todos os católicos do país a solidariedade e a compaixão do governo.

Segundo a polícia, cinco pessoas estavam no templo de Saint-Etienne-du-Rouvray quando dois criminosos entraram no local, disse Pierre Henry Brandet, um porta-voz do ministério do Interior. A igreja estava cercada por membros da Brigada de Busca e Intervenção (BRI), especializada em sequestros, quando "os dois criminosos saíram e foram abatidos pela polícia", indicou. Três reféns foram libertados sãos e salvos e um quarto, um paroquiano, estava entre a vida e a morte.

Fontes próximas à investigação informaram que o padre da igreja de Saint-Etienne foi degolado durante a tomada de reféns. O arcebispo da cidade próxima de Rouen, Dominique Lebrun, indicou que a vítima se chamava Jacques Hamel e tinha 84 anos. O papa Francisco expressou "dor e horror" por este "assassinato bárbaro", indicou o Vaticano em um comunicado.

"Estamos particularmente abalados por esta violência horrível ocorrida em uma igreja, um lugar sagrado no qual se anuncia o amor de Deus", afirma a nota.

A procuradoria de Paris indicou que a investigação está a cargo da seção antiterrorista.

Esta tomada de reféns ocorre em um contexto de alerta máximo na França, doze dias depois de um atentado em Nice (sudeste), reivindicado pelo EI e que deixou 84 mortos e mais de 300 feridos. Também ocorre no dia da inauguração em Cracóvia (Polônia) da Jornada Mundial da Juventude, um encontro mundial de católicos que contará com a participação do papa Francisco.

"Um ataque bárbaro"

Imagens dos meios de comunicação mostravam vários veículos de emergência no local do incidente e ruas bloqueadas. O primeiro-ministro, Manuel Valls, expressou seu horror por este "ataque bárbaro contra uma Igreja".

"Toda a França e todos os católicos estão feridos. Permaneceremos juntos", escreveu no Twitter.

Valls havia advertido há uma semana que a França deveria se preparar para ser alvo de "outros atentados".

A França, que foi alvo de três ataques de grande porte nos últimos 18 meses – 17 mortos em janeiro de 2015, 130 mortos em 13 de novembro deste ano e 84 mortos no dia 14 de julho – vive afundada no medo de novos ataques. Vários ataques na Alemanha nos últimos dias, alguns deles reivindicados pelo grupo Estado Islâmico, também aumentaram os temores na Europa.

Depois do ataque em Nice, a França estendeu por seis meses o estado de emergência, em vigor desde os atentados terroristas de 13 de novembro de 2015 em Paris. Este regime dá à polícia poderes adicionais.

Em sua propaganda e seus comunicados de reivindicação, o grupo Estado Islâmico convoca a atacar os líderes "cruzados" ocidentais e o "reino da Cruz", uma expressão que faria referência à Europa. A ameaça de um ataque contra um local de culto cristão estava na mente de todos na França, sobretudo depois que um projeto de atentado contra uma igreja católica nos arredores de Paris em abril de 2015 foi abortado.

Após este projeto de atentado, o governo havia anunciado que adaptaria seu dispositivo de luta antiterrorista aos locais de culto católicos.Cerca de 700 escolas e sinagogas judaicas, assim como entre 1.000 e 2.500 mesquitas, estão protegidas por militares, mas parece difícil aplicar estas mesmas medidas de segurança nas 4,5 mil igrejas católicas do país.



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