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Escola pública colocada entre as dez melhores no Enem precisa de ajuda para suprir grande procura de alunos

A Gomes Carneiro, na Vila Ipiranga, em Porto Alegre, teve aumento no número de estudantes, mas estrutura não acompanhou crescimento 

03/05/2017 - 07h00min

Atualizada em: 03/05/2017 - 07h01min


Roberta Schuler
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Os bons resultados obtidos pelos alunos da Escola Estadual Gomes Carneiro no Enem 2015 – a instituição da Vila Ipiranga, na Zona Norte da Capital, figurou entre as dez escolas públicas gaúchas mais bem avaliadas no exame – provocaram uma intensa procura por vagas. Enquanto em 2016 o número de matriculados era de 740, neste ano, chega a 1,2 mil alunos, inclusive oriundos de escolas particulares, e a direção confirma que há interessados em fila de espera.

No entanto, a estrutura física da escola não tem acompanhado a excelência no ensino – razão pela qual a maioria das famílias escolheu a Gomes Carneiro. As goteiras e infiltrações seguem sendo problemas, o telhado e o piso de salas de aula precisam de reforma, que ainda não foi iniciada via Secretaria Estadual da Educação (Seduc). Uma vistoria foi feita durante as férias, mas nenhuma providência foi tomada.

As lições da Gomes Carneiro, uma das dez escolas públicas gaúchas mais bem colocadas no Enem

A fim de receber os novos alunos no início do ano letivo, a diretora Susana Silva de Souza decidiu fazer melhorias com recursos da autonomia financeira. O objetivo era colocar novamente em uso quatro salas de aula interditadas por problemas estruturais. Foram feitos reparos na elétrica, troca de forro, calha, pintura em toda a escola. Classes e cadeiras foram tomadas emprestadas de escolas da região. A reforma mais ampla, no entanto, segue necessária. Na manhã de quarta-feira passada, duas turmas tiveram de ser realocadas porque as goteiras impediram o uso das salas.

Como o recurso da autonomia financeira foi comprometido com os reparos – que custaram R$ 26 mil –, atualmente, está faltando dinheiro para despesas rotineiras da escola.

– O orçamento do dia-a-dia está bem apertado. Estamos contando com a parceria dos pais e dos alunos, que estão ajudando com a doação de material, principalmente de expediente e limpeza – explica a diretora.

A dona de casa Bruna Pedroso, 24 anos, mãe de um aluno da segunda série, reconhece:

– Falta desde papel higiênico até folhas de ofício.

A diretora lembra outra necessidade no momento: a construção de uma quadra de esportes coberta. Mas o aluno Cauã Gesswein, 13 anos, do oitavo ano, que veio do Instituto de Educação Flores da Cunha e faz parte de uma das turmas novas, aberta neste ano, pondera:

– Podiam melhorar as salas que têm goteiras, solucionar o problema no telhado.Os pais de alunos da Gomes Carneiro estão organizados em um grupo de WhatsApp. Pela ferramenta, trocam informações e planejam atividades para complementação do orçamento.

Ampliação da biblioteca e computadores

Os méritos da gestão e o empenho e qualificação dos professores não mudaram desde o bom desempenho no Enem. Pelo contrário, renderam frutos como a doação de 20 computadores pelo Tribunal Regional do Trabalho (4ª região), ampliação da biblioteca, além da continuidade da parceria com os pais e a adoção de agenda escolar e uniforme.

– Eu gostei muito desta escola. Apareceu na tevê (reportagem sobre a nota da escola no Enem), o ensino é muito bom e tem gente bacana – opina Bruna Santos Félix, 17 anos, aluna do primeiro ano, que veio da Escola Estadual Itamarati.

Assim como Bruna, Juan Pires de Souza, 17 anos, que veio da Escola Santa Doroteia, escolheu a Gomes Carneiro para cursar o terceiro ano, pela qualidade do ensino.

– Os professores são bons. Tem de melhorar a estrutura – finaliza.

Necessidade deverá ser reavaliada

A assessoria de comunicação da Seduc informou que havia planejamento de liberação de recursos para a realização de obras de reforma na escola mas, com a troca de comando na secretaria – Ronald Krummenauer foi anunciado na última quinta-feira para substituir Luís Alcoba no comando da pasta –, a medida deverá ser avaliada novamente.

Em relação à dificuldade financeira enfrentada pela escola por conta dos reparos realizados, a Seduc afirmou que o recurso da autonomia financeira é de gestão do diretor e não há como repassar qualquer reforço. A escola recebe R$ 3.536,50 para despesas com manutenção (compra de material de higiene, limpeza, escritório, por exemplo), e R$ 1.515,64 para uso permanente (aquisição de algum mobiliário, ar-condicionado, tevê, por exemplo).

Esses valores – bem como o recurso para merenda – são calculados a partir do censo escolar que, atualmente, consta o número de matriculados no ano passado, que eram 740 estudantes.



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