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Olha que legal!

Religiosa de Uruguaiana mantém há 50 anos trabalho social com crianças 

Irmã Micaela é exemplo de solidariedade no Lar da Criança, em Uruguaiana

26/05/2017 - 07h00min

Atualizada em: 26/05/2017 - 07h01min


Aline Custódio
Aline Custódio
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Micaela é grata pela possibilidade de ajudar as crianças carentes

Os olhos de Micaela Hermann, 74 anos, reluzem quando um dos 250 pequenos do Lar da Criança Nossa Senhora de Lourdes, em Uruguaiana, sorri para ela. Diretora da instituição, a irmã pertence à congregação das Filhas do Amor Divino e, carinhosamente, é chamada de mãe por muitos dos que passaram pelo local. Natural de Giruá, Micaela tinha 25 anos quando deixou a família e a cidade natal para se dedicar à causa humanitária em Uruguaiana. Ela chegou ao lar dois anos depois da inauguração, ocorrida em 1955. Na época, havia apenas um prédio de madeira no terreno onde hoje há 11 salas de aulas e outras cinco de atividades lúdicas para atender as crianças entre zero e três anos de idade.

– Dezenas de mãos ajudaram a erguer os prédios. Se não fosse o apoio de toda a comunidade, não estaríamos aqui – ressalta a irmã.

Micaela passa os dias no projeto social

Morando há quase 50 anos dentro do próprio Lar, Micaela tem uma rotina que começa antes das 7h30min e só termina quando o sol se põe. Neste período, percorre os corredores e o pátio conferindo como cada criança está sendo cuidada pelos 49 funcionários da entidade. E basta passar pela porta de uma das salas de aula para despertar a atenção dos pequenos. Mesmo que eles ainda não saibam falar, uma comunicação se estabelece com sorrisos e palavras de carinho. A resposta sempre vem num sorriso.

– Nunca tive um filho biológico, mas considero que já tenho bisnetos espalhados por aí – comenta a sorridente, enquanto mais uma criança pede o colo dela.

Irmã Micaela arranca sorrisos por onde passa

Histórias
A constatação da irmã vem da quantidade de contatos que mantém com ex-internos e crianças que ela ajudou a encontrar um novo lar, no período em que a instituição funcionou como internato. Preocupada com o abandono de crianças na região, Micaela se tornou uma ponte entre menores abandonados e famílias que queriam adotá-los. Assim, há crianças de Uruguaiana – já adultas – espalhadas por diferentes estados e países.

– Estes dias, recebi a visita de um homem de mais de 30 anos. Ele chegou pedindo para falar comigo, sem dizer do que se tratava. Quando me apresentei, ele começou a chorar e me abraçou. Havia sido adotado por uma família de outra parte do Brasil e tinha voltado apenas para me agradecer para oportunidade de ter um lar. Foi gratificante – comenta, emocionada.

Outro caso inesquecível para Micaela, ocorrido há três décadas, foi o de uma uma vendedora de livros de outro Estado que deu à luz na cidade e renegou a criança nas primeiras semanas de vida. A irmã foi chamada para cuidar o bebê até a mãe aceitá-lo.

– Fiquei dia e noite embalando aquela criança como se fosse minha. Quando ela chorava muito, na madrugada, eu levanta e fazia questão de abraçá-la para que sentisse o aconchego materno. Senti muito quando ela foi embora e, ao mesmo, me enchi de alegria porque a mãe a quis – conta.

Brechó criado por Micaela é fonte de renda para o trabalho social

Projeto
Incansável, Micaela ultrapassou fronteiras também para garantir a gratuidade do trabalho. Por meio de projetos, ela conseguiu, por exemplo, parcerias com o governo de Luxemburgo e com o Ministério da Educação, via Fundeb. Um dos projetos mantidos é o Plantando Esperança, uma horta comunitária existente há nove anos no terreno da instituição. Com a assistência técnica e voluntária do engenheiro agrônomo Meireles Alves Moresco, 27 anos, na iniciativa desde o começo da horta, a irmã supervisiona a estufa de onde saem os vegetais orgânicos que alimentam as crianças e os familiares. Nas quartas e sexta-feiras, a entidade abre as portas do brechó criado pelas irmãs e que hoje conta com mais de mil peças de roupas, calçados e acessórios, com preços que vão de R$ 0,50 a R$ 15. Toda a arrecadação ajuda a entidade.

Outra iniciativa oferecida pela escola são os cursos de formação pessoal, culinária e trabalhos manuais voltados para as mães que perderam o emprego e buscam uma recolocação no mercado de trabalho.

– A nossa principal exigência é que a mãe esteja trabalhando. Enquanto damos amor ao filhinho dela, ela ajuda a família a melhorar a própria vida – sintetiza a irmã, antes de pegar mais uma menina no colo.

Colo da irmã Micaela é sempre especial

Saiba mais
* O lar aceita doações.
* Pelo menos 200 crianças estão inscritas na lista de espera da instituição. Por ano, abrem cerca de 70 vagas.
* Endereço: Rua Doutor Maia, 2448, Centro de Uruguaiana.
* Contato: (55) 3412-2052



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