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De olho no bolso

10 dicas para presentear bem sem entrar no vermelho neste Dia das Crianças

Data pode ser importante para iniciar a discussão sobre educação financeira dentro das famílias. Compras devem aumentar em relação ao ano passado

09/10/2017 - 10h20min

Atualizada em: 09/10/2017 - 10h20min


Leandro Rodrigues
Leandro Rodrigues
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Jean Pimentel / Agencia RBS

A economia mal começou a dar sinais de melhora, e os consumidores já estão pensando em abrir mais a carteira neste Dia das Crianças, última festa comemorativa antes do Natal. Mas educadores financeiros alertam que está longe de ser a hora certa para fazer novas dívidas.

O volume de vendas deverá registrar crescimento de 3,4% neste ano, o melhor desempenho desde 2013, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Pesquisa nacional do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que 75% dos brasileiros devem ir às compras – no ano passado, foram 70% dos entrevistados. 

A mesma intenção foi identificada em levantamento do Sindilojas Porto Alegre – na Capital, o volume de compras deve alcançar R$ 66 milhões, crescimento de 6% em relação ao Dia das Crianças do ano passado. E o preço médio do presente pretendido é R$ 88 – 3,1% a mais do que em 2016. Mas não é hora de oba-boa, adverte a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

– Para quem está inadimplente, mesmo que os valores dos presentes possam parecer inofensivos, todo esforço deve ser direcionado ao pagamento das dívidas. Já para quem está com as contas em dia, a palavra de ordem é planejar os gastos, pesquisa preços e pagar à vista – orienta.

Segundo o SPC Brasil, na hora de agradar as crianças, os produtos mais procurados serão bonecos e bonecas (31%), roupas e calçados (22%), aviões e carrinhos (9%), jogos educativos e de tabuleiro (8%), bicicletas, skate e patinetes (5%), bolas (5%) e doces (3%). Presentes mais caros, como videogames, por exemplo, serão adquiridos por apenas 2% da amostra.

Para o educador financeiro Jó Adriano da Cruz, é uma boa oportunidade para estimular a educação financeira e um bom comportamento de consumo.

– Porque educação financeira tem de ser tratada em família. Qual o presente que se quer? Uma bicicleta? Ah, então vamos ver aqui que gastos podemos reduzir em casa, como não deixar aquela luz acesa no quarto e fechar bem a torneira sem ficar pingando no banheiro – ensina Jó Adriano. 

A quantia economizada pode ficar longe do valor do presente, mas o importante será a lição de economia e escolha de prioridades. Quem definiu a compra agora precisará gastar sola de sapato, pesquisar o máximo possível o preço do item e mirar sempre em uma compra à vista, com desconto. Isso sem esquecer de olhar as contas lá na frente.

– É preciso ter um valor preestabelecido para o presente de acordo com o orçamento, de agora e futuro. Porque logo aí vem Natal, férias, IPVA, IPTU. Sem essa atenção, a chance da família ficar endividada é grande – avisa o educador financeiro Jaques Diskin, ligado à Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin).

Um caminhãozinho para Bernardo

Faz duas semanas que a microempresária Verônica Croccoli, 38 anos, está pesquisando os preços do presente que dará ao filho. Ela já sabe o que Bernardo, três anos, quer e vai ganhar: um caminhãozinho.

– É o Dia das Crianças. Então, tem de dar brinquedo de presente. Eu penso assim. Até porque não damos todo dia, há datas para isso. E ele gosta de caminhãozinho porque pode colocar outros brinquedos dentro – disse Verônica durante um passeio com Bernardo em um shopping da Capital.

Omar Freitas
Verônica leva o filho, Bernardo, para ver os brinquedos e já fala dos preços.

A moradora do bairro Glória quer estimular a educação financeira no filho desde pequeno. Ao olhar os itens da loja, ela aproveitava para falar dos preços com o filho. Bernardo olhava com atenção, segurava o brinquedo, mas depois deixava no mesmo lugar. 

– Ele olha, acha bonito, nunca fica pedindo, insistindo. E antes de eu começar a falar sobre dinheiro, sobre os preços, ele mesmo já começa a me dizer o que está caro – conta a mãe.

10 dicas para as compras

1. Evite levar a crianças às compras. Mesmo que ela já tenha escolhido o presente, prefira fazer a aquisição sozinho (a). Com a criança, a pesquisa de preços pode ficar comprometida.

2. Mesmo com a proximidade da data, pesquise preços em lojas físicas e online, pois há grande variação. Se for às lojas, vá com tempo e tranquilidade. Nas compras online, atenção para o prazo de entrega.

3. Considere os custos adicionais que o presente pode exigir. A compra de um videogame, por exemplo, costuma estar associada à compra de jogos, cartões de memória e controles extras.

4. Estabeleça qual valor irá gastar com essa compra e não ultrapasse o orçamento frente às promoções feitas pelas lojas.

5. Na hora de pagar, não tenha receio de pedir descontos e negociar, especialmente à vista. Se optar por parcelar, tenha a certeza de que as parcelas caberão no orçamento, lembrando que se aproximam as festas de final de ano e férias.

6. O barato pode sair caro. Tenha cuidado ao comprar produtos sem garantia, que podem comprometer a segurança e a saúde da criança. Organize-se financeiramente para comprar algo que a criança goste e que seja seguro.

7. Explique que o presente de Dia das Crianças não precisa ser algo comprado e mostre a possibilidade de um passeio em família ou com amigos a um parque, ponto turístico ou museu, algo que saia da rotina.

8. Ao invés de comprar, incentive a criança a trocar brinquedos, livros e roupas que não usa mais com amigos, vizinhos ou primos. Assim, as crianças se reúnem em um momento alegre e aprendem que quando algo que não serve mais para alguém, pode ser bastante útil para outra.

9. Não precisa presentear todas as crianças queridas da sua família da mesma forma, isso pode sair muito caro. Para poupar, defina faixas de presente que possam variar do mais caro (para os filhos) à ama lembrança (para os filhos de amigos, por exemplo).

10. Pode-se marcar o Dia das Crianças com o início de uma mesada. Com valores mensais, que não precisam ser altos, ensine a criança a guardar em cofrinhos para realizar um sonho futuro. Isso a ajudará a pensar em planejamento antes de uma compra.

Fontes: Dsop Educação Financeira e educador financeiro Jó Adriano da Cruz



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