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Papo reto

Manoel Soares: "A solidão de ser macho é angustiante"

Somos escravos de uma imagem que nos foi imposta desde criança por homens e mulheres que tinham uma imagem distorcida do que é ser homem e líder

09/12/2017 - 07h00min

Atualizada em: 09/12/2017 - 07h00min


Lauro Alves / Agencia RBS

Poucos homens têm coragem de admitir como dói o peso que carregam nos ombros. Ter que ser machão toda hora, não chorar, não falhar na cama, estar sempre pronto pra quebrar a cara de quem mexer com sua mulher, fazer o tipo homão que não deixa a peteca cair. Mas quando deita na cama, quer dormir logo antes que a insegurança tome conta de seu coração. 

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Correr atrás dos blefes da vida, responder perguntas que não têm resposta. Essa relação primitiva que temos com a vida nos isola, a solidão de ser macho é angustiante. Sonhamos com ombros pra chorar sem sentir vergonha no dia seguinte. Queremos poder não fingir força por medo de que a fraqueza de um dia nos condene por uma vida toda. 

Apesar de muitas mulheres não acreditarem, os machistas são também vítimas do machismo, que mata a sensibilidade e o nosso senso subjetivo de existência. Somos escravos de uma imagem que nos foi imposta desde criança por homens e mulheres que tinham uma imagem distorcida do que é ser homem e líder. 

Meninos que desaprendem a chorar são resultado dessa equação feia que nos faz cavar a cova da própria alma masculina que, em nome da "macheza", deixa de ser feliz. Entregar a medalha de machão é o mais indicado aos homens hoje. Fazer isso não nos faz mais fracos, mas mais felizes.



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