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Papo reto

Manoel Soares e o caso da  empregada no elevador: "A escravidão ainda mora no inconsciente" 

Em hotel de luxo, empregados não podem descer no mesmo elevador utilizado pelos hóspedes

02/12/2017 - 08h00min

Atualizada em: 02/12/2017 - 08h00min


Lauro Alves / Agencia RBS

Por conta do trabalho, nesta semana, fiquei hospedado em um hotel de luxo. Meu elevador parou em um andar no qual uma senhora vestida de empregada aguardava. Assim que me viu, ela pediu desculpas e disse que pegaria o próximo. Segurei a porta e pedi para que ela entrasse, mas, para minha surpresa, ela disse que não tinha autorização de entrar nos elevadores que estivessem ocupados por hóspedes. 

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Insisti para que entrasse e batemos um papo durante a descida de onze andares. Na recepção, perguntei ao gerente o porquê da orientação, e ele me disse que muitos hóspedes reclamavam desses encontros com os serviçais, que a gerência já havia sido, inclusive, elogiada pela mudança de dividir os acessos. Fiquei com nojo da situação e com vergonha de ser hóspede, porém, a tristeza maior foi saber que tem pessoas tão mesquinhas e atrasadas que querem alimentar sua pseudossuperioridade fazendo do elevador um templo de sua ignorância, como disse o mestre Jorge Aragão. 

Essa babaquice que vi é resultado de uma escravidão que ainda mora no inconsciente de quem descende dos senhores de escravos.  Perguntei que horas aquela senhora, com idade para ser minha mãe, saía do trabalho, e meu coração só ficou bem depois de rir muito tendo ela como minha convidada em um jantar muito agradável. Sobre o hotel, avisei a minha empresa que, lá, não me hospedo mais.



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